Capoeira é história

Capoeira é história
capoeira é história de libertação

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Sobre Jubiabá

Na obra de Jorge Amado, o nome do livro remete ao poderoso personagem, pai de santo, Jubiabá, que é uma liderança de uma comunidade, às vezes, fazendo papel de médico, professor, amigo de todos e o organizador da comunidade, do “Estado dentro do Estado” entre os pobres. O herói errante, dialético e emblemático é Antônio Balduíno, um homem negro que aprendeu a lidar com a dureza da pobreza com destreza, ora profano e questionador, ora respeitador e temente às tradições, numa vida sem instrução formal, submetido à lei da sobrevivência e a marginalidade, compreendeu a luta de classes e o racismo logo cedo. A sua vida foi mais do que uma busca pela subsistência ou o alcançar do hedonismo, o personagem incansavelmente queria sentir-se situado na vida, pertencente a algo maior, carregou o amor platônico por uma burguesa decadente que terminará os dias como uma prostituta, e criou o filho dela, como seu. Mas o peculiar é que Balduíno, fora sempre um rebelde, convivendo com a violenta miséria nos lugares que passava, conhecia a história dos párias, dos marginalizados, dos sacrifícios de amor e de injustiças. Para o herói da trama, grandes homens conquistavam a vida com valentia e transgressão de tudo vigente, então o jovem vagabundo, andarilho, torna-se operário, proletário e participa de greves gerais de várias categorias, o garoto que queria ser um destemido jagunço e imaginava o seu abc biográfico encontrou na luta sindical, na luta de classes, na briga pela justiça que almejava. Ele e seus camaradas venceram a greve, a opressão, conquistam a sua humanidade num mundo que os tratavam como coisas, ele se sente agora igual a um griô como Jubiabá. Na luta sindical ele é abraçado pela força de seus companheiros, ele, o Antônio Balduíno, lutador de boxe, capoerista, jamais teve o devaneio de ser um burguês enriquecido, queria mesmo era continuar brigão, na peleja contra a opressão que em sua vivência sindical deu nome e sobre nome ao opressor, aquilo que ele odiará a vida inteira, que se baterá ao poderio do monstro que subjugou o povo, manifestou-se encarnado num sistema explorador conduzido por adiposos senhores que se consideram donos do poder, da razão e da situação. O final da obra demonstra a colisão e a simbiose do herói profanador com a querela sindical, a peleja do povo organizado contra a mesmice mesquinha da dominação do homem pelo homem, numa sociedade pós- abolição, mais ainda racista e desigual. Álisson Lopes

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