Capoeira é história

Capoeira é história
capoeira é história de libertação

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Carta de agradecimento à comunidade escolar

Viemos, por intermédio desta, agradecer a participação da comunidade escolar no referendo que ocorreu no dia 27/11/2013 no Centro de Ensino fundamental 01 do Núcleo Bandeirante, o “Sapão”. Assumirmos a gestão da escola democraticamente, ou seja, com o apoio do povo, isto é uma imensa honra e não deixaremos tal sentimento arrefecer. A escola pública é de todos devendo ser zelada, protegida, comemorada como já vislumbrou o saudoso Paulo freire, tão comentado e pouco praticado, a educação é libertação. Vale lembrar o que o grande educador Anísio Teixeira bradou: -“Só existirá democracia no Brasil no dia em que se montar no país a máquina que prepara as democracias. Essa máquina é a escola pública.” Então nobres professores, alunos, pais, responsáveis, servidores da carreira assistência, funcionários terceirizados, representantes do Sinpro-DF, representantes do SAE, coordenadores da CRE do Núcleo Bandeirante, conselheiros tutelares, educadores populares, lideranças comunitárias, demais componentes da comunidade escolar, todos sempre terão as portas abertas no Sapão e uma gestão humanizada para servi-los. O nosso compromisso, como professores e cidadãos, é de construir com a fundamental ajuda de todos; uma escola justa em sintonia com os apelos sociais e que mantenha num fraterno sentimento bairrista a comunhão das boas tradições da nossa escola e de nossa comunidade. É também o compromisso de lutar contra violência dentro e fora dos muros da escola, contra o racismo e os diversos tipos de intolerância que atentam em desfavor da liberdade. Feliz natal e um próspero 2014. São os votos da gestão referendada para 2014/2016. Diretor Ari Vice- diretor Álisson

domingo, 24 de novembro de 2013

A revolução no quintal

Em simples palavras diretas, feito palavras de homens e mulheres de honra, que faço a bendita, às vezes ácida, autocrítica, aquela que aperta em alguns momentos que o calor da labuta permite. Para começar, antes devo explicar o contexto, desde junho uma parte do povo saiu às ruas, alcançamos milhões protestando, não parou desde então, jovens espíritos, rebeldias ensejadas. É nessa conjuntura que os militantes da educação popular foram presos, gente que conheço e respeito, gente que denúncia à criminalização dos movimentos sociais. Vejo o quanto sozinho sou pequeno para defender essa vanguarda, sei que eles não temem ousar e não vão parar. Remeto a memória extraordinária de Luís Carlos Prestes que em sua invencível coluna desafiou as elites mesquinhas, cangaceiros e as forças armadas brasileiras, ele foi um general tão grande quanto Zumbi, o rei de Palmares. Para os incrédulos, aqueles que acreditam no fim da história, visão que só contempla o previsível, formatada, não compreendem o milagre da vida, que não é só estar vivo, mas fazer diferença. Outros críticos chamam o povo nas ruas de convulsões sociais, explosões sem objetivos, estes acreditam que as manifestações são incapazes de afrontar a conservadora estrutura da sociedade vigente, contudo, contrariando os céticos tem gente nas ruas protestando, muita gente descontente, fato que mostra que só uma elite tapada vocifera que povo brasileiro não é de luta. Basta relembrar a história do Brasil com a peleja de Canudos, Contestado, a resistência ao golpe de 64, diretas já, a luta dos movimentos sociais. Na minha pequena colaboração, no cenário que atuo, tentando ocupar espaços, vou junto com a rebeldia ensejada, vou, no meu pequenino tamanho, admirando, tendo como exemplo e apoiando Diego Dutra, Lucas Rafael, Julimar, entre outros da mesma estirpe, esses são revolucionários, só não vê quem não quer. Álisson Lopes

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Morte e Vida em 20 de novembro de 1695

A inatividade eletroencefalográfica é uma das definições do dicionário Aurélio para morte, mansuetude para alguns e medo para outros. Para muitos homens e mulheres é a libertação da miséria para outros tantos é o fim da riqueza. Mas para Zumbi garantiu sua eternidade. As religiões judaico-cristãs acreditam na vida eterna, o espiritismo kardecista vislumbra além da vida eterna a reencarnação. Existem milhares de religiões que ensinam que a vida não cessa quando se alcança a morte, dizem, acreditam no transcendental, no além, que é algo que as ciências naturais discordam, não somente as ciências, mas também os materialistas históricos que vivem o aqui e agora, a luta de classes, sem carma ou pecado original, sem salvação posterior ao fim da existência terrena. Contudo parece sem propósito debater ou refletir sobre a morte, se é a vida que mais intriga, principalmente quando o pulsar de vida nos tenta a pensar na eternidade, quando estamos no auge de nossas forças esquecemos que somos mortais. Aliás, vamos falar de vida mesmo, vida que nos oferece gosto e cheiro, queima e acalenta, faz amadurecer e realmente a memória dos vivos nos tornam imortais. O almirante negro João Cândido fez-se eterno, segundo ele próprio, graças aos seus mais de 80 descendentes seu legado se perpetuará. Já o mestre de capoeira de angola João pequeno jactava-se de sua vida eterna garantida enquanto houver uma roda de capoeira. Enquanto existir rebeldia e luta pela justiça estarão vivos, Zapata, Sandino, Símon Bolivar, José Marti, Salvador Allende, Lamarca, Marigrella, Luís Carlos Prestes, Che e a tão almejada liberdade. Onde se manifestar o amor, Jesus Cristo o maior revolucionário de todos estará entre nós. A paz com Buda, com Alá, com Oxalá está entre nós graças à luta dos que creem na tolerância e na humanidade. Ao passo que Paulo Freire, Violeta Parra, Mercedes Sosa, estão vivos juntos com os sonhos de libertação dos oprimidos, dos que pensam e agem em busca da vida simples e livre. Então enquanto existir negritude Zumbi estará vivo com brilho nos olhos e vontade de leão, com batuques ancestrais e orgulho da cor. Enquanto eu estiver vivo todos estarão comigo, em minhas lembranças, em minha memória. Álisson Lopes

sábado, 16 de novembro de 2013

Atitude e desobediência

Existe algo, segundo minha modesta concepção, que aparta homens de moleques é a atitude, como também o que separa lobos de cães é a desobediência. Sempre me causa alegria à atitude de um homem em transgredir o egoísmo e viver a confraternização da coletividade, nem precisa fazer voto de pobreza, igualmente a rebeldia de um lobo que não se deixa laçar por migalhas e promissões. O lobo é como um homem que se nega a se domesticar vive na coletividade e pela coletividade. O homem sozinho, contra própria natureza marca o fim da sua espécie, o eremita, o ermitão, já existia, todavia hoje em seus apartamentos apartados ostentando a vitória dos reais gastos parece uma condição da vitória e da vida, a vitoriosa civilização da solidão. E o que separa as pessoas é; em uma síntese de todas as coisas segregacionistas, a intolerância. Não se tolera, por exemplo, o sorriso do banguela, num pais onde falta de educação e cáries são causas do mesmo mal, pelo contrário ostenta-se a arcada dentária completa alinhada sorridente branca mesmo após um banquete, a falta dos dentes ou sua preservação dividem as pessoas em classes sociais. Como lição aos cidadãos civilizados hodiernos o homem selvagem sim, vamos gritar juntos: -“Eram seres coletivos e só evoluíram em sua formação tribal graças à força coletiva”. Porém depois formaram impérios no Egito, na Grécia, em Roma, na China onde se escravizava e menosprezava uns aos outros, donos do poder surgiram, enquanto os banguelas ao custo de suas bocas esvaziadas em oposição às barrigas cheias doutros sofriam ingratidão, escarnas e escárnios. Mas nestes tempos ancestrais sempre existiram lobos e homens com atitude, sempre existiram lobos e homens desobedientes, a transgressão não é tirar do outro, mas lutar pelo outro, pelos que ainda vão nascer. O óbvio em uma sociedade consumista, materialista, é ostentar os que têm sobre os que não têm e diga-se uma verdade como são chatos os óbvios.

domingo, 10 de novembro de 2013

Não se pode abraçar o mundo: Repelão e ruptura

Tantas pessoas bradam na rua por justiça, tantos jovens, clamam que a justiça só é justa no tempo certo, mostram a crise de representatividade que transbordou e transborda nas ruas. O povo, todos denunciam o conúbio dos falsos representantes, pestes, que em seu nome assolam qualquer idealismo, decomposição política. Os ignóbeis deputados numa voz cinicamente tranquila te indagam: “Povo que tu queres?”- eles próprios alijando o povo respondem; “cerveja gelada e promessa, nomeação e churrasco, emenda parlamentar e feijoada, tudo por conta da fartura do balcão, quero dizer gabinete”. Então o repelão é a trombada dos que estão de ventas ardendo do mau cheiro da governança do Brasil, de todos os tempos, da chacina histórica da honestidade e, sim do conservadorismo, dos partidos que azedam às plenárias do congresso transnacional, já foi privatizado. Ruptura é a posição de ter que começar do zero, pois os demais números estão sobre investigação. Todavia penso na democracia, essa jovem no Brasil, tantas vezes encarcerada, que poucos conhecem sua face, nunca vista em sua inteireza, temo pela sua existência, tantas vezes alvejada, abafada pelo fartum das negociatas. Não se pode abraçar o mundo, é grande demais camará, contudo pode sim, ser solidário, caridoso, politizado. Ninguém se faz sozinho, é preciso atentar, às pessoas que romperam com o social estigma da pobreza tem sem dúvida mérito, porém nos tempos idos, ilustres pessoas se sacrificaram para ter escolas para todos, votos para os pobres, voto feminino, abolição da escravidão, implantação da república. É injusto pensar que todas as lideranças são farsistas, não vamos injuriar a todos. Não podemos também tartamudear na hora de vindicar o que é nosso. Para alguns o zero é sem valor, mas para outros é o começo de todas as medidas, basta lembrar da fraca democracia brasileira, ela deve ser respeitada, louvada, ressurgida como uma fênix da tenebrosa ditadura militar, ela que antes apareceu tímida, parecia que nunca era convidada, essa linda jovem, refeita, deve ser zelada, protegida, garantida. Enquanto ao zero, é a medida certa para começar, o princípio. Nessa atual conjuntura, começo de novo, do começo, do zero.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Homo sapiens sapiens

Tendo em vista que a sabedoria do homem possibilita a reflexão sobre a sua vivência. Lembro-me de uma conversa daquelas sem pretensão de ensinar ou aprender, numa praça rústica, ponto de encontro de rebeldes, vagabundos e maconheiros. Em que eu trocava uma ideia com um emblemático amigo. Depois de quase vinte anos ainda recordo-me dessa conversa, em que eu numa arrogante tentativa de convencer o companheiro de que levar uma vida regrada era melhor e que se ele tinha uma vida turbulenta era por causa das más amizades, tive uma resposta surpreendente, pelo menos pra mim, no auge da sua sobriedade, ele externou com veemência e sinceridade que sempre fez o que quis por conta e risco próprio. Ainda hoje penso e promovo reflexões sobre esse debate, sobre como uma pessoa de forma concisa e consciente, deliberada, leva a vida de forma hedonista até ceifar a própria existência mediocremente. A prática irresistível ao mau hábito que o matou, consumiu sua vitalidade como uma contaminação que se espalha pelo corpo continuamente, mas que não parece em ter pressa de terminar não antes de acabar com a dignidade e só assim que erradica a força vital. Parece incompreensível o que leva a esse tipo de escolha, quando se é escolha, o prazer que o fisgou se torna dor e humilhação. A vida é uma forma de resistência ao improvável, à inteligência contra a ignorância, quando é destruída simboliza a vitória do abismo obtuso e perverso do ceticismo humano contra a sua humanidade. Álisson Lopes

domingo, 3 de novembro de 2013

música com qualidade

Se voce puder entre no link e vote, vamos compartilhar, são meus amigos, moram em Uberlandia, a banda deles chama automatos : http://www.musicconnection.com.br/bandas/#automatos]

OCUPAR ESPAÇOS

Rafael e Guilherme, aos meus quase quarenta anos de idade, me ponho a pensar, a transformar vivência em experiência, aprendi lendo alguns manuais sobre a militância de esquerda a fazer a tão necessária autocrítica, ou então, talvez seja o pesar dos anos em meu lombo e a proximidade da maturidade inacabada de um homem. O fato é; meus amados filhos, que esse ano de 2013 foi um ano de calmaria profissional, embora nas ruas do nosso Brasil estouram-se convulsões, revoltas, e subversões contra os corruptos, contra instituições que deveriam, mas não representam o povo. Instaurou-se o descontentamento popular precipitado nas manifestações, pelas tantas ausências que o povo brasileiro sente e míngua, pela ausência de representatividade, deflagrando as primeiras, de muitas, passeatas de junho que se desdobraram em outras e outras, todas já são parte da história contemporânea brasileira. Em meio essas turbulências recebi convites curiosos, inusitados, como ministrar aulas de capoeira ao invés de história, fato que não concretizou, mas me deixou inclinado a ensinar tão nobre arte. Também, embora vociferasse que não faria mais, tentei e não consegui formar uma chapa para ser gestor da escola que hoje sou professor, engraçado por este despertar ser provocado pelos colegas de labuta, contudo faltou uma parceria para efetivar o pleito como taxava o edital. Porém, inesperadamente, fui convidado a fazer parte do mandato de uma deputada defensora dos direitos humanos, uma requisição, não sei se está conversa se tornará realidade, mas senti-me valorizado em minha militância até hoje tão questionada por mim. Não considerei o convite um prêmio, contudo, um reconhecimento ou uma mão estendida me tirando da zona de conforto e levando-me para o campo de batalha. Todavia, jovens, toda narrativa supracitada é para dizer que o pai de vocês, o homem inacabado que sou sempre buscou coerência, justiça e o bem estar coletivo. Durante a vida recebi convites, propostas, às vezes para empreitadas duvidosas quanto à ética, as quais sempre repudiei. Entretanto, jamais neguei ocupar espaços políticos, pois amplificar a radiação do meu idealismo foi uma tentativa em minha vida. Quem sabe por influência da obra o “Príncipe” de Maquiavel, ou também, a “Arte da Guerra” de Sun Tzu, ou até mesmo pelo avançar dos anos e o embranquecer dos meus cabelos, de forma singela que vivi a vida, coloquei em tudo que fiz um pouco do que sempre acreditei, busquei mostrar-me para vida. Para vocês, deixo aqui de forma ingênua e sincera um “tiquinho” de mim. Eu tenho meus filhos, um pai que migrou do campo paraibano para a “terra prometida”, Brasília-DF, foi um candango, rompeu do sertão ao cerrado, trabalhou, trabalhou e trabalhou, faleceu bem antes de me ver abandonar a infância, deixou o exemplo de honestidade e simplicidade de um verdadeiro homem do povo. A força do exemplo que mesmo “post mortem” rege minha vida, tenho também uma mãe firme e doce, ares do nordeste, uma irmã sábia e solidária, um irmão forte e ousado, este que sempre desafiou a morte com destemor e minha esposa, companheira trabalhadora e sempre disposta a construir. Escrevo esta carta, não que pressinta a morte, longe disso, longe de ser um momento de melancolia e morbidez, à vista disso estou muito feliz e tenho muito que viver ainda. Mas é que eu sei que a vida é um eterno diálogo entre o presente, o passado e vocês que são o futuro. Eu desejo a vocês que sintam o cheiro e os sabores da vida, o gosto do amor, o gosto das coisas do mundo sendo sustentáveis e não se preocupem em serem grandes, pois já são. Para encerrar por hoje, o pai de vocês não foi uma liderança, não por incompetência, mas porque nunca quis ser um líder numa concepção burguesa, o coletivo é a liderança, isto é a representatividade que nos falta hoje, o poder do povo para o povo, sem salvadores, uma construção coletiva. Além do mais deixo a alcunha de líder para caras como Che, Luiz Carlos Prestes, Oswaldão do Araguaia, eu meus filhos, fui um mero articulador, promovendo debates, olhares com pessoas brilhantes que conheci. Mas não nego a minha importância nas atividades e movimentos que participei, não fiquei na órbita de nenhum astro, fui independente e aproveitei minha autonomia para caminhar em diversas direções seguindo a coerência que defendo. É assim que descrevo, eu mesmo, longe de ser um herói, tampouco um super-herói, entretanto sou um homem cheio de esperanças, em construção, buscando uma civilização humana menos sofrida e contraditória. Eu defendi bandeiras, partidos, foram minhas opções, minhas escolhas, escolhi não ser neutro e nem inerte. Não sou um revolucionário, não ousei tanto, não sou ateu e creio em nossa eternidade. Brasília-DF, 03 de novembro de 2013, Álisson Lopes