Capoeira é história

Capoeira é história
capoeira é história de libertação

sábado, 29 de dezembro de 2018

Coisa boa que não foi...

Ele foi pego num cerco inevitável, sim pois não era ele a presa, não esperava aquilo, foi pego numa noite qualquer num dia qualquer , ele pensará que péssimo dia, o jogaram no chão lhe deram chutes em varias partes do corpo, ele sentiu o sangue escorrer pelo seu nariz, o jogaram no porta mala de um veículo, e com um capuz em seu rosto o lançaram numa cela, sem luz , sem ventilação. Não fizeram perguntas , todos já haviam caído lhe disseram, todos quem? ele não sabia, o pegaram enganado. O que ele sabia é que tinha uns baderneiros incitando pessoas como ele, mas ele não gostava de confusão. Aprenderá cedo que religião não se discutia, aliás já tinha escolhido uma que era bem popular para não ser excluído, política então nem pensar ele deixava para os políticos , ele odeia política, futebol ele não era bem entendido no assunto, mas tinha um time escolhido, nunca mudará, talvez uma das convicções mais certas da sua existência é de que não se mudava time de futebol. Recebia uma minguada ração diária, as vezes tomava banho de sol, não recebia visitas , perguntava por que estava lá, olhavam para ele fechavam o rosto e mostravam rugas rancorosas, não respondiam. A solidão, o isolamento e principalmente não saber o motivo do encarceramento estavam o enlouquecendo, ele pensou nos casos que teve, nas dividas que tinha, nada poderia ter o levado até ali. Ele não tinha ideia de quem o prendeu e o motivo. Será que ele seria cobaia de uma experiência ou vítima do tráfico de órgãos ? Que loucura era aquela? Ele foi perdendo a noção do tempo, não sabia se estava privado da sua liberdade por dias, por meses ou por anos. Preso, louco, estava ali remoendo, ruminando o passado por não existir presente e o futuro algo inatingível. Um dia sem mais e nem menos, jogaram suas roupas em cima dele e falaram vai embora, ele levantou-se , pegou suas tralhas , e antes de sair , não resistiu e perguntou o que ele tinha feito para ficar ali? O Homem olhou sério e com uma voz de julgador respondeu com toda convicção coisa boa que não foi ....

domingo, 23 de dezembro de 2018

Um aborígene

Ele era um autóctone e sua vida se restringia a decisões diretas e transparentes , quase fisiológicas . Vivia em sua terra mãe buscando o necessário, sem desperdícios , sem hipocrisias. Por um fenômeno natural indesejado e imprevisto viu-se obrigado à desertar de suas terras, refugia-se rumo ao desconhecido. Ele, sem alternativas, saiu a caminhar, logo foi dominado por medo , dor e desesperança, sua caminhada o levava ao incerto , depois de quilômetros de agruras , ele , agora um refugiado, depara-se com um grande muro. Seres fardados com rostos cobertos e olhos sombrios, ele sem escolha, com sede, fome, o cansaço o havia vencido , suas forças eram para ir e não voltar. Diante daquele muro cinzento , alto e com arame farpado, ele viu mais de perto outros homens , iguais a ele. Logo um sentimento de esperança tomou seu corpo, imaginou ser recebido como igual, mas mesmo que fosse recebido como um bicho acreditava ter água, comida e abrigo. O imenso muro parecia não ter fim em seu comprimento, ele queria matar sua sede, sombra e ser acolhido, ele estava ali porque a sua terra, sua mãe , farta e bela, tinha tido um desastre, uma morte súbita. Agora ele era um aborígene fora da sua terra, um faminto, um órfão. Mesmo sendo avistado pelos sentinelas da muralha, os portões não se abriram, seus gestos e seus pedidos ignorados, não tinha força para voltar , não tinha para onde voltar, resolveu passar seus últimos dias ali. Ele olhava para os homens que estavam em cima do muro, acompanhava sua troca de guarda, eles eram atentos na vigília e silenciosos, os olhares sempre treinados a não demonstrarem misericórdia, nem um copo com água lhe ofereceram, ele beberia a própria urina se tivesse para tentar abrandar sua sede. O refugiado, entendeu que ali ele não passava de intruso, como uma barata que entra numa casa tendo somente o desprezo, não tinha mais força para gritar ou se levantar, em seus delírios via-se escalando o muro e saltando para um campo cheio de flores, rios e com arvores frutíferas, sentia o sabor e o cheiro. Seus devaneios também manifestavam-se em forma de pesadelo, onde ele levantavam seu corpo deformado pela magreza e como um inseto tentava subir o muro e era alvejado por armas moderníssimas de alta efetividade em assassinar sendo seu corpo inerte estirado ao chão agreste sem vida. Nem isso para aliviar seu fim. A morte chegou, é certo, que em seus últimos instantes ele parou de sentir fome e sede ,um frio congelante tomou seu corpo, ele não sabia em que momento morreu, mas quando o frio passou e todo o sofrimento, ele , o refugiado encontrou abrigo e conforto. Ele não atravessou o muro, talvez anos depois aqueles que o barraram também tivessem que sair de cima do muro e na condição de refugiados seriam barrados em outro muro, talvez maior, mas talvez não, quem sabe eles encontrassem outro aborígene, um autóctone disposto a oferecer água, comida e abrigo.

Ideologia é uma merda

Desde que vi num documentário sobre Jorge Amado em que ele afirma que "ideologia é uma merda", tenho refletido em relação a isso. Tomam minha mente constantes reflexões sobre como a ideologia pode forma uma dogmática de proliferação das ideias intolerantes e maniqueístas. Podem acreditar, ou melhor acreditem se quiserem, mas quando a ideologia transmuta para uma cegueira e te impede de ver a diversidade de um mundo multicultural e seus desdobramentos , é uma grande armadilha. O mundo é plural, existem milhares de religiões, lido todos os dias com ateus, hedonistas, neoliberais, socialistas, religiosos e gente que não esta nem ai para rótulo. Os conservadores querem conservar o quê? Não tem como barrar o esplendor da diversidade, a escola é inclusiva, o movimento LGBTI tem cada dia mais voz, o Candomblé, a Umbanda são religiões e a cada dia mais organizadas e mais preparadas para se defender de obtusos intolerantes. Temos milhões de seres humanos abaixo da linha da pobreza e tem que ser um compromisso nosso enquanto humanidade combater isso para ontem. Temos milhões de refugiados, crianças descalças e famintas, isso é sim problema nosso. Tenha empatia imagine se fosse com os meus, os seus, os nossos. Quem tem fome precisa comer agora, político com mandato nenhum tem o direito de errar, seu erro mata milhões. O Estado tem que ser forte e tem que defender o seu bem mais valoroso que é o seu povo, a sua gente. As lideranças que são de fato lideranças preparam e promovem a autonomia das gerações vindouras e não traem por um projeto de poder. A convergência de todas ideologias deveria ser a humanidade, toda humanidade.

domingo, 16 de dezembro de 2018

Ele era o cão

Pensando, um pouco nostálgico, no passado recente, das relações sem tantas tecnologias e também sem complicações. Anos atrás eu tinha um amigo, um cão. Um relacionamento sem melindres, sem ideologias , prático e rústico. Era um cão sem raça definida, um pouco desproporcional, pois tinha a cabeça de um cachorro grande enterrada no corpo de um cão de pequeno porte, não sei se por conta disso ele nunca se deu conta do seu tamanho e sempre desafiou adversários maiores. Ele jamais admitiu coleira e saía sozinho em seus passeios diários, as vezes seus passeios duravam uns três dias, voltava exausto e dormia quase três dias para se recuperar. E pensar que em alguns países de orientação totalitária no passado já viram cães como um símbolo de ostentação e portanto proibido de se criar, e também outro exemplo de como um Estado metido a total quer entrar na mente e logo nos costumes , os homens não poderiam ter barbas pois representariam o símbolo de outro adversário ideológico, cada uma não é?!. Ora, voltando aos cães e sua domesticação , essa história faz parte da história também do desenvolvimento humano, os cães caçadores por natureza ajudaram os seres humanos na busca diária por alimentos em tempos remotos, ajudavam na guarda, no pastoril e também como companhia. Pessoas em situação de rua tem cães como amigos e protetores contra pessoas que possam a vir querer seu mal, como jogar bexigas de urinas nas madrugadas ou até queimar vivo. Em relação ao cão , ele se chamava Touché, fazia o inimaginável, corria atrás de gatos, nada de impressionante até aqui, mas ele subia nos telhados correndo e saltando para pegar os gatos isso sim me surpreende até hoje, ele não era santo, pelo contrário era o cão, certa vez avançou num cavalo na rua tomando de forma certeira um coice no focinho, meio nocauteado retornou para casa onde foi curado com matruz com leite. Era um boêmio, não resistia aos encantos de uma fêmea e uma noitada, brigava com qualquer um e a qualquer hora, corria atrás dos outros , se machucava, voltava das ruas com o fedor dos lugares que se metia. Foi errante, foi valente, e eu sempre soube que bicho assim não morre de morte morrida, somente de morte matada, então foi assim previsivelmente, num desses dias foi -se para as aventuras e não voltou. Gente e bicho, as vezes se confundem, bicho tratado igual gente e gente tratada igual bicho. Ele nunca foi meu , foi do mundo, sem coleira ou dono, mas era corajoso, quando em casa fazia a guarda , caçava, assustava invasores, nunca hesitou em tascar o dente numa canela desconhecida que entrasse em nosso quintal. É assim , a vida passa rápido, ele viveu do jeito que queria e até o fim.

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

O dom

Nasceu um menino, um menino esperado e desejado pelos seus pais, um menino protegido e amado, portanto visto e bem visto em seu país, sua pátria. Entretanto o menino, esse menino, dentro dos padrões e protocolos sociais tinha uma peculiaridade, talvez um dom, talvez uma maldição. Ele, o menino, de bochechas redondas e avolumadas via, percebia, sentia cheiros de coisas e gentes que ninguém parecia ver ou sentir. O menino quando andava de dia na rua com seus pais ou no carro durante a noite com seus pais em seu país, olhava na rua e via vultos e pessoas enroladas em trapos , pareciam pessoas , de todos os tamanhos, figuras andróginas de tão magras, de tão sujas, com olhos grandes encravados em corpos famintos, seus olhares estampados em rostos tristes eram de uma fixação devoradora. Os trapos sujos, os corpos magros, os braços e mãos estendidos , esticados pedindo sem sucesso uma ajuda, uma redenção ou rendição, todos vencidos sujeitos aquilo ou coisas piores do que aquilo. O menino sentia-se atormentado, assombrado, tinha pesadelos, nos passeios seus pais felizes lhe ofereciam algodão doce. Ele pensava como eles , meus pais, não veem ? Ele refletia , como eles , todos do país não viam? O menino arriscou algumas vezes falar com seus pais sobre o que enxergava em seu país, porém não foi correspondido, ele foi crescendo, esquecendo, ignorando, suas visões. Cresceu forte, robusto, com palavras mil que brotavam em sua boca, foi fazendo provas, foi ganhando colocações em seu país e seus pais orgulhos. Mas enquanto ao dom? Ele não perdeu, adormecido um pouco, mas ao andar as ruas por alguns instantes podia ver e sentir a dor e os cheiros dos abandonados, dos desumanizados que por motivo vários não tiveram o mesmo destino do menino, hoje um homem. O homem, já que deixou de ser menino, detinha agora uma frieza dos adultos, entendera que o seu dom era uma dádiva também de todos, todos podiam perceber também, porém , ao crescerem , as pessoas de seu país e até seus pais, foram desaprendendo a ver os seus iguais necessitados, crianças, mulheres, homens na rua, rasgando sacos e disputando com cães , insetos e urubus algo para comer. O menino, em corpo de homem, constatou que todos podiam ver e sentir, contudo ao longo dos anos perderam a sensibilidade da compaixão e empatia. As pessoas de seu país naturalizaram à pobreza e seus sentidos ignoravam os esquecidos, os que sofreram infortúnios e sem abrigo sobrevivem em meio à ruas, viadutos e becos. O bem sucedido, cheio de suas vitórias e orgulhos, empapado com suas viagens ao exterior e aromas de perfumes exóticos de outros lugares, não sentem o cheiro dos desabrigados , dos desesperados e das pessoas em situação de rua. Nascem novos meninos e meninas, todos os dias, unas terão o dom e irão apreender a esquecer, outros meninos e meninas, menos afortunados, nasceram na disputa por espaços em camas de papelão e por comida, cobertos pelos trapos da invisibilidade da indiferença de seu país.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Palavra como instrumentalização

Quando a maior instrumentalização deveria ser à palavra, vivemos um tempo acelerado , as tecnologias e as informações chegam numa velocidade incrivelmente rápida, era da informação , mas não do conhecimento. Sabemos mais da vida do outro pelas notícias sejam elas verdadeiras ou até mesmo falsas. Vivemos jogos virtuais, vivemos redes sociais , às vezes como fim e não como meio, como instrumento. Vejo discussões em virtude do ensino à distância até mesmo no ensino básico e esquecendo que somos seres gregários e que a escola demonstra a diversidade e aguça à inteligência emocional. Concordo que não é possível retroceder e nem devemos em relação as tecnologias, elas deveriam nos possibilitar mais tempo de ócio e não tirar empregos. Acredito que somente uma educação crítica e social em relação ao que é estudado, no sentido de instrumentalizar o estudante com fundamentos baseados na inquietude de apreender, viver e compreender possa permitir um preparo para as adversidades do presente e futuro. A tecnologia pensada pela humanidade deve permitir mais humanidade, mais vida, mais união . A palavra com amor , preparo e convicção ainda é o instrumento mais maravilhoso de persuasão e humanidade. Chaplin já afirmou que precisávamos de menos máquinas e mais humanidade, Eric Hobsbawn em sua obra Era dos Extremos em referência ao século XX , já nos alertava que a humanidade já possuía tecnologia suficiente para acabar com a fome e a pobreza, vale fazer uma grande reflexão em relação a isto. Nestes tempos, fico pensando nas praças vazias sem povo, será que o poeta Castro Alves se contentaria em ter milhões de acessos e curtidas no mundo virtual do que estar em meio ao povo declamando sua poesia de revolução e de amor?

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Criaturas Certas e cheias de razão

Existi sim em outro lugar distante, criaturas sem empatia , sem gosto de ser solidárias e de aceitar que a existência não gira em torno unicamente da sua. Distante daqui existem seres emplumados com caldas imensas que para não arrastarem no chão suas belezas delegam as outras criaturas menos afortunadas à labuta de carregarem invariavelmente na posição curvada durante toda suas vidas, nesta realidade longínqua é um extremo privilegio, a maior premiação para essas dedicadas criaturas conhecidas como pequenos servos é a deformação que se cria em seu lombo depois de anos de dedicação. As criaturas Certas , sempre certas , absolutamente certas estão eternamente dispostas a justificar e manter tal status, elas se alimentam de outras criaturas , criaturas de sua mesma linhagem de evolução, mas segundo elas, essas criaturas, sub-raça, não fizeram por merecer e tomaram caminhos semotos, sem glamour e status, então hoje servem como refeição , caso contrário, caso tomassem os caminhos certos, dos Certos, seria canibalismo, selvageria, brutalidade devorá-las. Os Pequenos Servos não são devorados, recebem as vezes um olhar certo de aprovação dos Certos quase , bem perto mesmo , de agradecimento. Aliás os certos controlam a sua ração, é balanceada para suprir estritamente a finalidade de carregar a calda, nem mais , as vezes menos, assim eles não crescem também . Embora para os Certos um pequeno servo, esguio , quase raquítico e bem curvado é ótimo para ostentar. Os Certos, abastados e lindos, nesta existência remota, mantém a disposição das coisas inquestionavelmente imexíveis e defendem isso com enorme ferocidade. Tão certos e cheios de si , os Certos são intransigentes e dogmáticos. Se pudéssemos comparar no âmbito do direito internacional, ou melhor intergaláctico, ou até sócio político e histórico , falta o artigo 5° da constituição brasileira de 1988 para essas criaturas, entre outros artigos nesta distante existência, afinal por aqui aprendemos com as guerras interimperialistas, as duas grandes guerras mundiais , com os estados totalitários nazistas, fascistas , stalinistas , enfim acredito que diferente deles , dos Certos, aqui compreendemos que qualquer guerra fratricida não tem sentido.

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

O novo

Uma civilização avançada, em outro sistema solar, enviou seu melhor cosmonauta para desvendar os segredos do universo e principalmente encontrar outras formas de vida. Como essa civilização tinha outra perspectiva de tempo e espaço, além de sua espécie ser contemplada pela maestria biológica da evolução natural aperfeiçoada pela expertise de sua tecnologia conseguindo obter um longevidade que beirava a eternidade. Eras depois o nobre cruzado, o cosmonauta volta de sua busca para prestar ao seu soberano relatórios parciais, ele é recebido como herói, banquetes e cortejos lhe são oferecidos, logo uma audiência é marcada para encontrar com o "Representante", era assim que chamavam o líder máximo do planeta, era uma única nação. O cosmonauta depois de festas e bebedeiras , encontra-se com o Representante, para sua surpresa já era outro representante, o novo, com roupas de rei e chifres enormes, chifres que ganhavam a atenção pelo tamanho e brilho, brotavam da testa do neo- representante. Ele saudou o cosmonauta e não deu muita importância para ouvir o relatório do cosmonauta, preocupou-se em falar da importância da figura do cosmonauta para o mundo e que algumas coisas haviam mudado, algumas simbólicas como agora todo soberano quando no poder deveria transplantar os maiores chifres em sua cabeça, quanto mais chifrudo mais soberano. O Novo não queria ser chamado mais de representante , modestamente , demonstrando sua simplicidade e humildade pediu ao aventureiro do espaço que o chamasse de Vossa Excelência Soberano o Novo. Tratamentos pessoais acertados, o Novo ignorou relatórios e protocolos e foi narrando dissertativamente as novas mudanças e conquistas da nação, não era mais um governo do povo, ele explicou pacientemente que o povo não sabia o que queria e a governabilidade exigia práxis, e neste sentido aboliu a diversidade pois lidar com várias línguas e costumes dava uma trabalheira danada, e a nova política era padronizar, de agora em diante , todos deveriam pensar igual, era o novíssimo ordenamento jurídico do mundo civilizado. E ele, o Novo, foi descrevendo empolgado sua convicção , e o melhor, o povo deveria pensar como o seu soberano porque assim pouparia o Novo de consultar as bases, muito pratico , eficiente e justo. O novo disse em tom de ironia que somente o chifre era exclusividade do soberano, portanto somente ele poderia adornar sua importante testa com aqueles chifres majestosos, seus assessores mais próximos utilizam a maior honraria que eram as desejadas coleiras douradas . O novo, explicou que o melhor para o mundo não era ter um representante, mas sim um dono, assim recairia para o dedicado soberano o fardo de gerir o planeta e seus habitantes seguiriam suas vidas sem pertubação. O Cosmonauta ouviu tudo atentamente e fez uma única pergunta ao Novo: "-Vossa Excelência Soberano o Novo, todos aceitaram a nova política?", a resposta foi a seguinte:"- uma classe subversiva , conhecida como os Famintos, reagiu, fizeram protestos , escreveram manifestos , somente não fizeram greve de fome. Então, para pacificar , demos comida e coleiras douradas para algumas lideranças e pedimos que eles reunissem as lideranças mais intransigentes ao dialogo para chegarmos a um acordo, a grande reunião foi marcada para o mais importante símbolo da nossa nação, o famoso Galpão dos Ancestrais, chegando lá , todas as lideranças com coleiras e sem coleira já estavam aptas ao debate, então mandei bombardear e explodir tudo , pronto a vontade da civilização venceu os interesses corporativistas, desde então sou o soberano, o Novo, o incontestável. E de você Cosmonauta só quero que volte para sua missão no espaço, você lá no infinito é um símbolo, aqui não é nada." O Cosmonauta voltou ao espaço, talvez procurando um verdadeiro novo...

domingo, 11 de novembro de 2018

um outro mundo

Existia um mundo , um mundo distante do nosso, com costumes e línguas diferentes . Um mundo desigual socialmente, aliás com brutais diferenças sociais, um mundo futurístico, com invenções maravilhosas , rumo à conquista do universo. Porém , em sua profunda desigualdade não havia inventado uma máquina para repartir o pão, pois sim já tinha alimentos suficientes para todos, matematicamente viável à décadas. Contudo precisavam de uma máquina que sensibilizasse corações e mentes para solidariedade, era algo a ser construído. Enquanto um brilhante cientista não inventava tal máquina, essa pobre civilização que não sabia repartir o pão e por conta disso tinha milhões de famintos, adotava em sua política um presidencialismo à parmegiana, presidencialismo de coalizão, sendo que emblematicamente adotava também o bipartidarismo e de um lado eram os Comportados da Pátria do outro os travessos transnacionais . Eram dois partidos distintos tendo como intersecção o discurso de defesa daquele planeta e de seu povo. Os Comportados da Pátria tinham um discurso feroz de purismo da espécie e não aceitavam a visita de alienígenas, todos adotavam longas cabeleiras e os machos da espécie bigodes grandes e trançados. Os travessos usavam grandes e coloridos cabelos moicanos , além de raspar as sobrancelhas e defendiam o casamento poliândrico. Estes partidos tinham muitas , muitas divergências , mas convergiam na necessidade de acabar com a fome, todavia a muito essa convergência havia sido empurrada para escanteio. Houve um tempo que uma liderança da base dos comportados que se destacava e tinha o nome de Mediação , acreditava numa cultura de paz e numa comunicação positiva, entre os travessos também forjara nos debates internos das tendências o líder Persuasão , um jovem, filho do dono do partido, franzino , de boa fala e pouca estatura. Eram da mesma geração, gostavam de conversar, logo no primeiro encontro se atraíram , se enroscaram e se amaram despudoradamente, juntos, unidos , numa maior práxis de união de tendências , de quebra de correntes jamais vista, o brilhante cientista deveria analisar esse caso , um relacionamento entre lideranças da base de partidos divergentes. Como assim? Dizem, os linguarudos que na prática as bases partidárias de ambos os partidos cometiam atrocidades em nome do estatuto partidário, mas os cientistas políticos deste planeta diverso do nosso, afirmavam que lá , lá no congresso de lá, os lideres dos dois partidos, os graúdos, se amavam e se amavam em nome da maior convergência entre eles , o poder. Mas ali na base o amor entre seres de partidos diferentes era determinantemente proibido, era condenado a morte quem ousasse transgredir essa regra. Na realidade , outra convergência era essa entre ambos os partidos, nada de amor interpartidário, todos os seres do planeta tinham obrigação de denunciar tal aberração. Se eventualmente tal ação fosse tomada entre os grandes donos do partido era um estratégia aceita pela importante governabilidade, porém alguém da base jamais, nunca, nunquinha poderiam se amar, estava no estatuto bem explicado que somente odiar era permitido entre seres de partidos diferentes. Porém o amor visceral e indecente de Mediação e Persuasão era indestrutível, eles se amaram , inicialmente na clandestinidade, a despeito dos estatutos, dos partidos, dos seres do planeta, eles fizeram isso, se encontram e se entregaram ao suor e beijos molhados do amor de tal maneira que extrapolaram o segredo, o mundo , aquele mundo viu um amor jamais narrado e concebido, era uma subversão. Os donos dos dois partidos souberam dessa ato de amor nada natural conforme previstos nos estatutos dos partidos, o amor entre os dois eram tão grande que centenas de delatores fizeram denúncias nos partidos. A ordem do dia era exterminar esses terroristas, o dono dos travessos mesmo sendo o seu filho um dos acusados, não hesitou e acordou com a pena capital. Então , num dia, eles receberam mensagens em seus comunicadores, mensagens marcando um encontro entre os dois, eles foram, eles de fato não haviam enviados aquelas mensagens, mas viviam aquela saudade dos apaixonados e portanto não perdiam oportunidade de se encontrarem, foi então que em quarto se encontram e se entregaram a mais fugaz paixão. Agentes dos travessos e comportados trabalharam juntos nesta emboscada, verdadeira sinergia, colocaram bombas no quarto, as bombas foram efetivamente deflagradas e os amantes tiveram seus corpos partidos por seus partidos.Foi um estrondo louco, um cheiro de poeira tomou conta do ar, junto com uma leve fragrância de um perfume desconhecido. Os meios de comunicação ilegais tomaram conhecimento do fato, narraram a história, desnudou a política parmegiana , começaram , conflitos, convulsões sociais, os velhos políticos fugiram do planeta, era uma revolução, o pobre e brilhante cientista não conseguirá fazer à máquina de repartir o pão, então ela fez-se sozinha. Aquele perfume espalhou-se pelo planeta e a fome acabou-se.

sábado, 3 de novembro de 2018

Numa noite qualquer, numa praça

É assim que começa essa história, nada especial, acredito que ele queria passar despercebido na vida, até a natureza lhe ajudou nisso, não era grande, aliás era pequeno para média brasileira, embora tivesse uma estrutura óssea robusta, sim lembro-me bem, para quem olhava e reparava parecia um homem que iria crescer com seus ombros largos e rosto redondo, mas foi interrompido , não cresceu, devia ser o menor da turma , da rua , talvez da família. Parecia não se importar com política ou com polêmicas, vivia sua vida, as vezes ali sentado num banco de uma praça com mato ao seu lado. Não se importava em fazer amizades, mas tinha companheiros que também não se importavam em fazer amizades e isso os uniam, eram parecidos, a praça um ponto de encontro. Alguns diziam que ali aquela praça era maldita e aprisionava a vontade dos homens , se um desavisado começasse a utilizar , principalmente nas noites sua alma estava condenada e proibida de viver o mundo. O cotidiano da praça era uma verdadeira rede social primitiva restrita a oralidade, ali passavam homens e mulheres perdidos neste mundo, ela tinha sua contradição , era um ambiente familiar diuturnamente , geralmente, mas ao anoitecer se acendia fogueiras como se invocassem os perdidos da noite, passavam fantasmas, foragidos, buscavam-se drogas e também as consumiam. A praça era um ponto de encontro, era um ponto de encontro de consumidores de drogas, de banidos , de sem dinheiro e foragidos, então o encontro improvável dos diferentes, sem ideologias , sem militâncias , já distantes da escola e da família, era assim uma mesa improvisada de madeira apoiada nos joelhos dos jogadores com bancos precários serviam para jogar dama e falar da façanha dos outros, sim nas praças tem os seus mitos, seus transgressores, os ditos ou malditos valentões que na moda do cangaço desafiavam as autoridades de baixa patente da atalaia ostensiva, na maioria das noites era tapa na moleira que sofriam após respostas provocadoras , tais circunstâncias serviam de história na hora do jogo de dama. Muitos dos seus companheiros ele nunca soube os nomes verdadeiros, eram conhecidos por apelidos inusitados e em grande parte nada elegantes, eram ofensivos mesmo. Mas ali , neste universo paralelo e marginal, ele aprendeu a se defender das violências que tinham nas noites longas, aprendeu a se drogar e a brigar, lutava entorpecido e nem sempre para se defender agora era por diversão. Encontrou romances, não prosperavam, ao longo dos anos a indiferença era maior do que a dor, a ausência de perspectivas não era problema enquanto pudesse consumir tudo que o retirasse da sobriedade. Em alguns momentos a praça parecia um lugar divertido, com alegria , até um futebol na madrugada acontecia, com o tempo a violência se tornou mais presente e fratricida , bastava um olhar para o outro , era a paranóia da nóia, da merla, do crack. Uns dos seus companheiros sobreviveram, romperam a maldição e hoje não lembram ou não querem lembrar de histórias dignas de comparação à parte do Inferno na obra Divina Comédia de Dante Alighieri, outros tantos são pessoas em situação de rua , outros presos e outros mortos, quase todos antes dos 30 anos. Enquanto ao protagonista desta crônica, não sei bem ao certo, fala-se demais nas ruas, nesta oralidade das praças, que ele continua na praça , somente a noite , todas as noites, mesmos nas mais sombrias e chuvosas,se você quiser pode encontrá-lo , talvez até conversar com ele , contudo por sua própria conta e risco.

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Ele pode

É a força do exemplo, sim , a "Efetiva liderança é a liderança do exemplo" , estava nas paredes do 32° GAC em 1995, incrível como algumas experiências marcam igual cicatrizes , marcam mais do que tatuagens.Ele não foi um bom soldado, nunca compreendeu a didática do grito e da ameaça, funcionou , marchou, até atirou, mas num certo momento empacou e nada fazia mais sentido, principalmente gritos e ameaças. Mais ainda foi contemplado no final com recomendações do comandante , como bom soldado, não para ele. Lembra a voz de um oficial, um barrigudo, que era bom de grito, parecia sempre nervoso, falou para tropa que quem fosse um fracasso lá seria um civil fracassado. Talvez de todas as correrias e hinos, esse bonachão foi o que mais o empurrou para frente, não como incentivo , mas como provocação. Ele gosta de praticar artes marciais, ao longo da vida treinou taekwondo, gosta de chutar, chutar alto, por conta da sua ancestralidade latente jogou capoeira, a musicalidade o levou longe, foi batizado ao som do berimbau, também praticou karate de contato e o jiu jitsu brasileiro . Conheceu muita gente, bons lutadores, e bons professores. Pode desenvolver uma consciência corporal e um senso moral peculiar corrente nestes meios. A disciplina destas artes o deixaram soldado de novo, mas desta vez pelo seu querer, sem grito e ameaça, mas efetividade, não se tornou um hábil lutador, porém não é bobo . Cada arte é um universo , e entre os praticantes brota uma irmandade fabulosa. Sonhar, planejar, construir, fazer....avançar. Apanhar, pesadelo, reação, retrocesso, conservadorismo. Veja, perceba, intua, onde errou, onde foi o equivoco, não são nas palavras , é na ação, é como defende, é como demonstra. Como um pássaro que aprende voar vendo seus pais , como se ensina à paz ? Não é falando, é vivendo. Ele, aquele garoto, sim aquele com cabelo mal cortado e assanhado, falador, magro e sonhador. Ele cresceu, sem ninguém botar muita fé nele, nem ele mesmo. Pois é, ele fez umas coisas legais, andou por lugares , escreveu coisas, viveu aventuras, não ficou rico, nem perto disso, mais quem vive com ele sabe que já é homem feito, com filhos feitos, e é feliz, simplesmente e deliciosamente feliz. Tem um povo, um povo debochado e despeitado, que fala que ele é maloqueiro, encrenqueiro, cheio de tatuagens, que é macumbeiro, que não pensa igual a eles. Cara diferente, eita porra, diferença que incomoda os outros, a infelicidade dos outros, já o chamaram até de comunista, vigi Maria, né não moço, comunista ele não é , aliás me disseram que ele é devoto de São Judas Tadeu, São Jorge, São Sebastião, Santa Ana, Santa Bárbara, São Bartolomeu, São Jerônimo e São Lázaro, mas também dizem, povo falador, que ele tem um patuá de Oxossi, que sua cabeça gira Ogun, Xangô, Iansã, Nanã , mas um tanto de caboclos e pretos velhos, ele quer ficar bem com todo mundo, parece, recebe de bom grado benção de padre e de pastor, também da Yá. O menino cresceu, o moleque ta por ai, some e quando aparece faz diferença, um dia vou seguir assim , tipo ele.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Direito à Cidade : Capoeira na OAB-DF

Direito à Cidade : Capoeira na OAB-DF



Na noite de 25 de setembro a
OAB-DF recebeu os errantes capoeiristas Felipe Couto,  Tiago Baldez e convidados, a roda de
conversa  girou em torno da ontologia e
fundamentos da capoeira, da sua negritude , da sua territorialidade, da brasilidade
e de sua militância ancestral.
A capoeira, ao meu ver, é a
vitória do oprimido contra seu opressor,  da liberdade do quilombo contra a reação da  casa grande, é o besouro que desafia física e
voa, é o passarinho pequeno que mata cobra peçonhenta,  lembrar da história da capoeira é lembrar da
capoeira de Madame Satã, de Besouro Mangangá, de Mestre Pastinha, de Mestre
Bimba , do general e rei de Palmares Zumbi.  
A capoeira pela militância
insurgente de seus praticantes venceu a escravidão colonial, venceu a
criminalização na república, Getúlio Vargas a reconheceu como esporte
brasileiro, e em 2008 tornou-se patrimônio imaterial do Brasil, já em 2014 a
Unesco  reconheceu como patrimônio da
humanidade . A capoeira e seus fundamentos, seus mestres devem ter sua memória
fomentada e o Estado brasileiro deve salvaguardá-la .
Os incrédulos podem acreditar a capoeira
venceu com esquiva, pisão e Aú  , as
teorias racistas de eugenia, jogou e venceu na roda da vida as teorias raciais
de Cesare Lombroso e Raimundo Nina Rodrigues. A arte da capoeragem e o jogo dos
nossos antepassados , mostrou que a escravidão no Brasil nunca foi amorosa,
tampouco desdobrou-se em uma democracia racial.
Foi nas rodas de ruas e no jogo
da vida que a capoeira resistiu e demonstrou que é inclusiva, que é sim  ação afirmativa, que a roda sim é democrática
, para todas e todos, hoje a capoeira é mais acolhedora do que nunca, é
difusora da cultura e da língua brasileira pelo mundo.
A Comissão da Memória e da
Verdade da OAB-DF , inaugurou o ciclo de conversas sobre o direito à
cidade  e nos próximos encontros serão
homenageados e chamados para o jogo antigos mestres de capoeira e a nova
geração para preservação da memória destes senhores do conhecimento e saberes
da cultura popular, a história dos movimentos sociais , tais como a capoeira,
não podem ficar no subterrâneo ou esquecida. O capoeirista nos séculos de
história do Brasil demonstrou que o jogo de cada dia  é o direito achado na rua, empodera e desperta
o sentimento de pertencimento desta nação. A capoeira é revolucionária!

domingo, 9 de setembro de 2018

Não voto em quem defende e faz discurso de ódio!

Tantas pessoas me perguntam em quem irei votar na eleição de 2018 que se aproxima, mas devo confessar que a crise de representatividade me abateu , não vou votar em branco, não vou anular meu voto e outra coisa podem ter certeza, não voto em propagadores da retórica do discurso de ódio, maniqueísmo e sectarismo. Não vou perder a oportunidade de impedir o avançar do que tem de mais medonho na política , usar o ódio para desunir e conquistar. Não vou deixar de votar, nem que seja "voto útil", não voto em políticos que vociferam machismo, racismo, homofobia e atentam contra a diversidade. Tenho fé neste país, nesta nação, eu amo o Brasil! Abraço fraterno, Álisson Lopes.

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Papo do Hélio Doyle com Álisson Lopes, décima edição

Ainda teimo em ter fé!

Tenho esperança em dias melhores, talvez por otimismo, talvez por fé, mas acredito no potencial de solidariedade que cada um carrega dentro de si. Estudar história e sociologia permite perceber que mesmo nos piores momentos da humanidade, mesmo com a mesquinhez dos senhores do poder, temos subversões fora da lógica globalizante, gente que faz diferença, gente que mobiliza gente, que articula que inspira confiança e disposta a romper com a direção formatada e valorizar a humanidade.Compartilho minha análise juvenil, ainda resisto aos cabelos brancos já em maioria, mais ainda volto aos 16 anos e vejo que mesmo sem maturidade foi uma época que aflorava em mim um melhor de uma militância, ainda sem partidos, feridas, cicatrizes, ideologias latentes e claro decepções ou traições. Recordo ainda do professor de história , Tarcísio, da aula sobre a colonização da América e da conquista do Oeste estadunidense, ele recomendou o filme " Um homem chamado Cavalo", anos depois fiz o dever de casa assisti, e também outro bom filme sobre o período, "Dança com lobos" esse já por indicação minha mesmo. Revejo a história da América Latina, seja na exploração de rapinagem ibérica, entre outras nações já embaladas pelo que seria tempos depois o imperialismo, a violência ainda tão presente na cultura como resquício da colonização de exploração , mas ainda assim tão pouco conhecida pela maioria, Eduardo Galeano demonstra de forma bem definida na obra "As Veias abertas da América Latina". Ainda me entusiasmo também com os insurgentes, principalmente eles , tais como Zumbi, Dandara, Tereza de Benguela, Zapata, Sandino, Pancho Vila, Prestes, Che, Gregório Bezerra, Francisco Julião, Óscar Romero, Dom Hélder, muitos outros entre eles, as vezes anônimos na massa dos movimentos, mas não menos importantes, gente não formatada! Como o próprio Cristo como insurgente e uma fonte de inspiração. Acredito que sem os insurgentes não haveria história. Conversando com um jovem amigo, Hélio Doyle, amigo recente e de opiniões sinceras, sempre sinceras, citei Pablo Neruda, não em poesias e nem como ganhador do prêmio Nobel de literatura, mas em política partidária, quando o Neruda do partido comunista Chileno abre mão de sua candidatura à presidência para apoiar o socialista Salvador Allende. Aí , olho aqui para o DF e não vejo nos políticos tradicionais e seus partidos disposição para abrir mão por nada da possibilidade de vencendo fatiar o DF e seu aparato burocrático administrativo, pois é lá que se movimenta o financiamento público para fomentar ações que deveriam favorecer o povo e não os grupos políticos. Somente teríamos uma grande frente partidária solidária ao povo, hoje acredito que só uma frente ampla pode nos salvar dos egoístas e gananciosos, se os caciques de cada partido realmente se preocupassem com a melhora da sociedade e não pensassem somente em seu poder e do seu grupo político, aos meus olhos e ouvidos, não vejo e nem escuto falar de uma mediação entre partidos, uma mediação na essência do que realmente significa, uma linguagem positiva, uma linguagem da paz , uma linguagem de uma reconciliação nacional.

domingo, 22 de julho de 2018

" pirão pouco, então o meu primeiro"

Não sou acadêmico, portanto o que segue é um desabafo sem grandes pretensões , mas apenas de deixar registrado minha visão de um momento tão chato e mesquinho dos partidos políticos. Das coligações por troca de secretarias , do poder por vaidade, do poder pelo poder, do culto à personalidade, pela promessa de emprego e funções, cada um pelo seu pirão. Ai vale tudo, extremamente tudo, prometer acabar com direito de contraditório e ampla defesa, vale até dizer que discurso de ódio é de liberdade de expressão. Vale dizer que sua vida intima é de interesse do Estado e que seu interesse por ações do Estado e transparência pública é esquerdismo, Vale vociferar que falar em diversidade é doutrinamento político, vale dizer que o mundo é etnocêntrico, eurocêntrico, só ocidental. Em tempo de eleição parece tempo de guerra , tem os que usam o nome de Deus para massacrar o próximo, a religião do próximo, parece que mais vale invocar o ódio intestinal para angariar votos e proliferar mais ódio. Afinal, partidos, apartados , separar ,segregar para destruir um projeto e ser eleito para alimentar as máquinas de cargos , de privilégios de poucos e a dor de muitos, a fome , crianças violadas, escolas caídas , hospitais sem recursos. Partidos, não pensam em união, não pensam na fome que vigora e se renova enquanto decidem o vice ou segundo turno. Vejo as enxurradas de promessas populistas, promessas, algumas, que na prática serão inconstitucionais ou se cumpridas rasgarão a constituição cidadã de 1988. A dor e a vingança cegam e garantem mais votos , em campanha não da para se pensar no amor e numa ampla frente de construção nacional para atender o povo. Já disse Jorge Amado : "Ideologia é uma Merda!".

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Coluna Direito à Cidade entrevista Toninho do PSOL

Coluna Direito à Cidade conversa com o jornalista Chico Sant'Ana sobre c...

Direito à Cidade entrevista o jornalista Helio Doyle

Direito à Cidade entrevista a escritora, atriz e diretora Cristiane Sobral

Coluna Direito à Cidade entrevista Márcia de Alencar, que fala sobre o l...

Papo do Hélio Doyle com Álisson Lopes, sexta edição

Coluna Direito à Cidade entrevista Ana Prestes - parte 1

Direito à Cidade entrevista o professor e deputado Reginaldo Veras

Projetos: Consciência Negra, Direito À cidade, Dicas para o ENEM e Pas.

Coluna Direito à Cidade entrevista Ana Prestes parte 2

Direito à Cidade entrevista o advogado, psicólogo e professor Carlos Iná...

Coluna Direito à Cidade entrevista Ana Prestes parte 3

Coluna Direito à cidade com entrevista de Wilson Guedes

Coluna Direito à Cidade entrevista Rodrigo Britto, ex presidente da CUT DF

Coluna Direito à cidade com Dorinha do MAS

Coluna Direito à Cidade entrevista Márcia de Alencar, que fala sobre o l...

Papo do Hélio Doyle com Álisson Lopes, sexta edição

Papo do Hélio Doyle com Álisson Lopes, sétima edição

Papo do Hélio Doyle com Álisson Lopes, oitava edição

Direito à Cidade entrevista a médica Maninha, pré-candidata a deputada f...

Papo do Hélio Doyle com Álisson Lopes, nona edição

Direito à Cidade entrevista a escritora, atriz e diretora Cristiane Sobral

Coluna Direito à Cidade entrevista o jornalista Chico Sant'Anna

Coluna Direito à Cidade entrevista a embaixadora Diana Marcela Vanegas, ...

Dica de Livro da coluna Direito à Cidade

Coluna Direito à Cidade entrevista Hernany Bueno, assessor da Secretaria...

Coluna Direito à Cidade entrevista Ana Prestes - parte 1

Coluna Direito à Cidade entrevista o advogado Jacques Veloso

Coluna Direito à Cidade entrevista Joffre Nascimento, administrador do P...

Coluna Direito à cidade entrevista advogado Thiago Loureiro

domingo, 27 de maio de 2018

há se eu fosse intelectual

Escrever semanalmente para o portal Repórter Brasil central na coluna Direito à Cidade tem sido um desafio, tanto pela falta de tempo para escrever quanto pela dificuldade de mostrar teoria e prática que é uma das propostas da coluna, na realidade mostrar boas práticas na ocupação da cidade pelas vias democráticas e populares. Pessoalmente, ter que escrever na coluna tem me forçado a ler compulsivamente e também as entrevistas feitas tem enriquecido minha visão de mundo, mas especialmente a convivência próxima com o jornalista João Negrão e o jornalista Hélio Doyle promoveram grande avanço em minha formação crítica e cidadã, até gostaria de me considerar um intelectual, sinceramente não sou, sou um comunicador por profissão , não sou jornalista, mas professor que é o que faz me meter a besta de compreender essa sociedade de forma plural e também sou advogado por formação, isso tem feito que a cada dia queira escrever melhor e desenvolver minha oratório, pois mesmo fora dos tribunais defendo causas o tempo todo. Também devo confessar que meus amigos tem contribuído de forma determinante em minha formação, as entrevistas, na verdade um bate papo, com pessoas brilhantes como a advogada Enilde Neres, a escritora Cristiane Sobral, a psicóloga e bacharel em direito Márcia de Alencar, o sindicalista Carlos Henrique do Sindsep, o educador social Everardo Aguiar, o primeiro secretário cubano Juan Pozo, o deputado distrital e professor Reginaldo Veras, o professor Fábio Sousa, o advogado Carlos Inácio. Tem sido uma bela oportunidade. Estamos vivendo uma sociedade parada pela falta de combustível, falam-se de greve dos patrões e outros em movimentos populares , o fato é que os movimento dos caminhoneiros parou o Brasil. Lendo oportunamente a obra de Edmar Morel sobre A Revolta da Chibata, faço uma observação não comparando os dois movimentos que tem tempo e contexto histórico diverso, mas provocando o leitor no seguinte aspecto de que a história brasileira nunca foi exemplo de águas pacíficas e tranqüilas a serem navegadas. Também alerto o tanto que em momentos de crise algumas pessoas parecem beirar a insanidade com demonstrações de fúria uns com os outros em filas para abastecer o carro. Mas ainda me apego aos bons exemplos e necessários de solidariedade

domingo, 20 de maio de 2018

Cláudio Moraes , revolucionário do amor : Clown pelas cidades

Já pude descrever em um dos meus artigos um jovem com olhar de desesperança, sangue no olho, e como ele representa simbolicamente tantos jovens prestes a explodirem por falta de orientações , metas e objetivos. Mas felizmente existe gente, gente na melhor concepção de ser gente, que sabe dar nó em pingo d'água e viver a simplicidade , que poeticamente sem se distanciar do que é real , respira a felicidade e ensina , contagia a alegria aos que estão ao seu redor, este artigo ofereço para o Palhaço verde, que conheci antes como Cláudio Moraes e o inesquecível Chaplin, seres humanos que jamais se alienaram diante da diversidade muitas vezes dura demais e estenderam as mãos com flores e não com socos ou armas de fogo. Ainda estou lendo a obra "Minha Vida" por Chaplin, mas já vislumbro que ele demonstra um mundo dividido por ideologias e a formação de Estados totalitários, narra sua vida pessoal e as contradições de seu tempo, muitas contradições assustadoramente atuais. Debocha do culto a personalidade no nazismo e também nos alerta com a desumanização do trabalhador em uma sociedade onde se sobressaem números financeiros e o capital. Chaplin , um vagabundo mágico, desafia a ordem com um errante e desafiador personagem solto de amarras e rótulos , humano demais, sensível de mais ao ponto de humanizar corações petrificados com a ligeireza dos tempos contemporâneos, coisa bonita assim tenho visto também com a trupe Bula Do Riso , a qual Cláudio Moraes integra, que vem atuando no HUB, o grupo se autodenomina "...Somos palhaços e palhaças neurobesteirologistas". E assim , simples, sem prolongamento de falas e escritas manifesto aqui minha completa admiração ao Grupo Bula do Riso e ao saudoso Chaplin, se o Rei Midas ao auge de sua ganância tinha em seu toque o poder de coisificar pessoas, essas palhaças e palhaços tem com o poder do riso distribuir esperança e humanidade! Viva às palhaças, aos palhaços e as palhaçadas , estas e estes que do ofício fazem brotar gargalhadas e amor.

terça-feira, 15 de maio de 2018

O Processo

Na semana passada tive a oportunidade de assistir o documentário brasileiro o Processo dirigido por Maria Ramos , nele narra o processo que provocou o impedimento da presidenta Dilma Roussef, segundo a produção da obra foi ofertada a mesma oportunidade tanto para os que promoveram o pedido de impedimento quanto para os que fizeram a defesa da então presidenta do Brasil de demonstrar o cotidiano dos bastidores do processo jurídico/político . São muitos pontos a serem abordados, mas escolhi comparar a atuação da advogada Janaína Paschoal em frente a atuação do advogado José Eduardo Cardozo, no decorre do filme percebi que o advogado Cardozo teve uma atuação mais técnica e melhor oratória rebatendo as questões relacionadas as "pedaladas fiscais" , não consegui vislumbrar tal expertise na atuação da advogada Paschoal. Ao terminar de assistir o documentário sai com a impressão que o tal impedimento já estava definido mesmo antes do final do processo, os debates teriam um peso simbólico e que o entendimento jurídico foi vencido pelo discurso político. Percebo que os desdobramentos políticos do processo de impedimento continuam e nas eleições de 2018 temos a oportunidade de unir o povo brasileiro em busca do nosso necessário desenvolvimento político e econômico.

sábado, 5 de maio de 2018

Crônica do desencontro: Pelas ruas e vielas

Certa vez numa das minhas andanças pela ruas e vielas desta contraditória cidade/capital , vi e ouvi uma pregação , uma sustentação digna de ser feita no púlpito do STF, era um popular , um rábula talvez, um conselheiro, um contestador, sozinho um senhor que em sua altivez instrumentalizava palavras de ordem, de progresso, de amor, ele detinha em seus braços como escudo um livro, de longe parecia uma bíblia, um alcorão , talvez à torá , mas curiosamente ao me aproximar pude perceber que era a carta magna brasileira de 1988¸ a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 que é a lei fundamental e suprema do Brasil, parâmetro de validade a todas as espécies normativas desta nação. Coisa que alguns legisladores insistem em ignorar e produzem leis inconstitucionais para com demagogia ter publicidade junto ao povo. O errante senhor, parecia um idoso, um profeta ou profano, barba grande branca tendendo para o amarelo, uma voz insistente e convicta, uma postura desafiadora em roupas simples e desbotadas. Jogava ao fraco vento e a robusta poeira da cidade dizeres de resistência, de união, de ofensiva e luta , de poder ao povo, de povo ao poder, eremita no meio da cidade parecia falar para mim, catequizar , sensibilizar ou somente desabafar. Parecia alguém que a história marcou e deixou no passado, com marcas duras no rosto , mas não arrancou convicções que certamente fecharam portas, parecia alguém sem família, talvez não tenha feito família por optar por uma militância de massas, escolherá a humanidade como família, ou tenha sido abandonado por considerarem extemporânea sua ideologia, falava sem pudores, sem temores e aparentemente sem muitos ouvintes. Em pé , magro, sem pena em gastar a voz, com uma garrafa pet verde, supostamente com água. Defendia coerente com sua singela presença , uma postura, uma atitude , uma catarse. A medida que me afastava desse intrigante agnóstico ou ateu, mas republicano, ainda era possível ouvir as palavras e frases tais como que para os trabalhadores pararem o país era necessário cruzarem os braços, sem dúvida um subversivo logo ali. Era incontestável a sua disposição em falar , em manter um tom de voz alto e sereno, afetivo até. Já distante , sem mais ouvir aquele senhor , logo me coloquei a pensar em coisas que li , coisas que remetiam em minha memória movimentos insurgentes na historiografia brasileira, e obras que descreviam fatos assim, os Sertões por exemplo, de Euclides da Cunha, ele tivera a incumbência de descrever a querela da guerra de Canudos, recordo nas páginas finais a descrição do desfecho trágico de uma utopia no sertão, o aniquilamento de um movimento, lembrei também de outro movimento dito como messianismo , o Contestado e o documentário "Contestado- Restos mortais" , esse derradeiro me provoca arrepios ao demonstrar depoimentos de historiadores, populares e até médiuns como porta vozes de entidades de outras esferas espirituais .Pela idade que aparentava o militante ermitão em suas falas e proposições, análises de estrutura e conjuntura, das teses , antíteses e sínteses apresentadas , o solitário orador demonstrava a compreensão da vida do povo brasileiro, dias depois voltei ao mesmo local , ele não estava lá , ninguém o conhecia, ninguém o viu, o velho militante provocou-me uma grande autocrítica, voltei com a disposição de conversar, de conhecer , ele não estava lá, nada de sua defesa revolucionária que se não fosse pela firmeza e clareza beiraria o delírio.

segunda-feira, 30 de abril de 2018

HannaH Arendt para todas e todos

Em tempos de nefastos discursos ideológicos de ódio e uso do terror, recomendo a leitura da obra Origens do Totalitarismo de Hannah Arendt, a escritora demonstra historicamente o uso da ideologia como arma política e não como doutrina teórica, pois o aspecto científico nesta perspectiva de dominação é secundário. Uma liderança política que pretende vencer um pleito eleitoral semeando desunião numa nação, deveria ser banido da política , o totalitarismo seja de direita ou esquerda não pode ter mais espaço, fere o humanismo. Uma liderança se constrói como uma força coletiva, com proposições e agregando segmentos sociais. O vociferar de discursos segregacionistas parece tomar o palanque de certos politiqueiros em nossa nação, apontar e culpar pessoas e grupos, criar um inimigo e instigar a intolerância é o jeito fácil de pretensos candidatos aos mais variados cargos políticos angariarem votos dos descontentes com a política representativa atual. Não podemos esquecer de Ghandi, de Mandela ,de Luther King, de Betinho que viveram contra essa lógica desumanizadora , escolheram e influenciaram milhões em todo o mundo para trilharem o caminho da paz e não violência. Ser candidato não é concorrer a um concurso público, não é pensar em prerrogativas e privilégios, aliás, um político em qualquer esfera de poder deve agir com transparência, eficiência, abrir mão de verbas indenizatórias , reduzir verbas de gabinetes ao mínimo necessário, não fazer gasto com publicidade para divulgar o mandato. Enquanto uns parlamentares eleitos gozam de prerrogativas e bonança , brasileiras e brasileiros sucumbem em portas de hospitais peregrinado por atendimento, quando um político viaja ao exterior com dinheiro do contribuinte se afasta da promessa de servir ao povo, explora quem ele deveria representar.

sábado, 21 de abril de 2018

Porque não sou candidato

Desde que comecei a escrever a Coluna Direito à cidade algumas pessoas vem perguntando se sou pré- candidato nas próximas eleições , isso me intriga um pouco, aliás vou responder logo , não sou candidato a cargo eletivo algum. A velha política deixa esse estigma na efervescência política e na militância cidadã, como o cenário político atual não inspira muita confiança, muita gente , muita gente boa, numa representação do senso comum acredita que todas as pessoas envolvidas na política são oportunistas, desonestas e os que pretendem entrar querem fazer mais do mesmo. Pois penso um tanto diferente em relação a isso, tenho muitas amigas e amigos prontos para fazerem diferença num pleito legislativo, portanto apoio. Já tenho meus candidatos em mente para a eleição de 2018 , lembro de todas e todos que votei em todas as vezes que compareci para exercer minha cidadania na hora do voto. Mas é preciso atentar para quem vem pedir o seu voto, quem for eleito tem que legislar e governar para todas e todos, bancada "disso" ou bancada "daquilo" só levou o país para o cenário temeroso atual. Ser ficha limpa, faço uma pequena analogia e lembro de algo comentado em minha família quando eu era aprovado na escola em minha infância " Não faz mais do que sua obrigação", ser ficha limpa é obrigação, precisamos mais do que isso, precisamos de pessoas que estudem a realidade que compreendam que é a diversidade que faz desse país continental único e ainda que tenham vivência na realidade das ruas, que saibam da dor e cicatrizes do povo. Não sou candidato, porque a minha missão histórica é servir e ajudar a formar os que estão vindo para governar , a nova geração, os estudantes , essa geração que chega chegando, vou servir , vou dialogar, vou me expor para que em alguma dimensão eu possa colaborar na formação do povo brasileiro, só tenho tempo para isso. Minha missão primeira , fora do trabalho, é minha família. Meu pai foi acometido por um câncer impiedoso, lutou anos contra esse ignóbil inimigo , mas foi levado de mim , quando eu tinha 11 anos. Quando entrei mesmo na adolescência , senti muito sua falta, tive amparo em minha família , minha mãe demonstrou a força da destemida mulher nordestina , forte e presente,mas mesmo assim eu não tinha uma memória dele, especialmente sobre as coisas do mundo. Espero viver muito, mais quero deixar um pouco de mim em cada artigo , para quem sabe em um futuro que eu não esteja mais aqui, outras gerações leiam e meus descendentes saibam que nasci e vivi , e antes de percorrer a distância entre nascer e morrer, demonstrar que pensei e repensei o mundo e o tentei transformar um pouquinho creio eu para melhor. Segue um texto incidental ... O sol é para todos O sol de ofício abrasa as costas do trabalhador, É arguto o que se esquiva da eficiência solar nos momentos mais radiantes em terras terrestres. Na vida que aprendi nos quartéis em baixo do sol, aqueles que me quebraram, me domesticaram com doutrina e dor, tinha como mantra em suas paredes e bocas de falas e corpos de fardas que “ o sol é para todos e as sombras para alguns”; É arguto o que se esconde nas sombras e que deixa a maioria ao sol? É infeliz o que se reflete ao sol sem esquiva e pago pelos vendedores de tranquilidade e subordinação? Admito, nunca fui um exímio vendedor de nada, o sol é companheiro de muitas horas, já me iludi e iludi uns tantos em matutar em vender ideias, entretanto, em meio a tantos contratempos, faz um bom tempo que socializo meus sonhos, para junto com outros e também seus sonhos, tornarem tudo esperança, assim numa dialética epidêmica. A crise de representatividade não atenta só contra andrógina democracia, fenômeno frágil e rarefeito, na história dos seres humanos, mas a fé na retidão humana rumo ao progresso progressista, ética uns com os outros, e ataca também a outra via natural, aquela que serpenteia pelo caminho em busca de um raio de sol, a evolução, sim a revolução da vida. A insistente ameaça de sistemas homogêneos de dominação confrontam a grandeza diversa da humanidade e a própria revolução que é a vida . O sol é vida e morte nas costas de quem ele abraça. A sujidade de quem usa o sol como instrumento de sevícia é também a que destrói a crença na solidariedade. Acredito em uma força maior fraterna e ela é solidariedade e sol; Se tu esperas fórmula para vida, acomoda-te na longa fila de espera, porque em determinado momento tudo que você acredita pode não fazer mais sentido ou parecer perdido; Aí, meu pobre, não haverá razão para você, ou então numa explosão de vida reaja, mostre tua intuição agora, tua metafísica ou a tua pura razão, é assim que se acha o caminho.

domingo, 8 de abril de 2018

O projeto direito à cidade vai crescendo...

O projeto Direito à cidade vai crescendo devagar mais sem parar, quando apresentei o projeto nas instituições que sou docente , ele foi bem acolhido. Aliás é sempre bom reforçar que este caminhar progressivo se deve ao poder coletivo dos profissionais da educação pública que abraçaram esta prática e dos vários parceiros que se dispõem a participar voluntariamente de palestras e conversas com os nobres estudantes. São mais do que aulas, são o fomento da esperança, nesta última quarta feira tivemos as importantes presenças do Juiz de direito Dr. Fábio Esteves e do educador Professor/Doutor Leandro Grass, ambos cada um com sua expertise demonstraram aos estudantes que eles podem e são protagonistas de uma história brilhante. E quando falamos de direito à cidade logo penso na violência que obstrui nossa liberdade de ir e vir, daí a inevitável conversa sobre segurança pública ou pior à falta de segurança pública, penso também nas praças e parques abandonados pelo poder público. Neste final de semana andando por um dos parques da nossa cidade, vi uma mãe comemorando o aniversário da filha, a menina vestida lindamente de princesa, o parque tinha brinquedos enferrujados e até sujos, mas aquela mãe colocou numa parte coberta, o tempo estava nublado, uma mesa com um forro florido e com um grande bolo que aparentava estar delicioso, a princesa sorria e demonstrava alegria, imaginei ela dizendo "que Festa!" Pensei , apesar do descaso do Estado, Mãe e filha comemoravam juntas este momento único, vislumbrei a grandeza daquela mãe que em um ato de amor profundo encheu meu coração de esperança e tenho certeza que aquela criança jamais esquecerá tal ato materno. Ela ocupou com dignidade um espaço, tão frequentado e muito pouco cuidado por quem deveria zelar por ele. Eu vejo e escuto no cotidiano pessoas falando que na política todos são ladrões , todos são iguais , que não tem diferença, e resisto, não vou me entregar , pois enquanto uma mãe dentro de todas as dificuldades da vida parar para celebrar o aniversário de seus filhos eu vou ter esperança! Para encerrar por essa semana segue na integra o poema da escritora e amiga Cristiane Sobral, " Ah, menina": Há liberdade nos meus cabelos fartos trançados; Na ginga do meu quadril circulam achados ancestrais ; Sou tronco de mangueira; Espiral com energia do mato em transformação; Muito forte pra acreditar na besteira da discriminação; Empino meus cabelos pra cima; Sorrindo como preciosa menina ; Danço, transmuto a maldade Vim para sacudir a branca cidade Ninguém desfaz magia de criança; Aqui o racista se cansa; Nosso quilombo é vida. ( Livro Terra Negra, poema "Ah, menina", Cristiane Sobral , editora Malê).

domingo, 1 de abril de 2018

1° de abril de 1964 não é piada por Álisson Lopes

1° de abril de 1964 não é piada No dia 31 de março de 1964, 01 de abril poderia ser considerada uma piada sem graça, o processo democrático é interrompido , em seguinte brotam os atos institucionais e o obscurantismo da falta de transparência no controle social , as décadas posteriores são marcadas por tentativas constantes de apagar a memória política e também seus atores mais progressistas. O processo educacional sofre um baque irreparável bem característicos dos Estados de exceção, em meio há tantos absurdos, em nome de combater uma ameaça comunista o país é forçado a manter-se calado num consenso intelectualmente nefasto para o desenvolver de uma educação básica realmente emancipadora, considerando destacar que vozes destoantes se posicionaram contra rapinagem do livre pensar mesmo sob pena de deixarem de existir materialmente por conta disso. No livro sobre "João Goulart , uma biografia" de Jorge Ferreira, logo na introdução ele nos faz vislumbrar algumas correntes historiográficas que aparentemente descredenciam a vida política e liderança de Jango , como também era conhecido o presidente deposto em 1964, logo devo socializar que vejo João Goulart como uma das lideranças civis com tradições trabalhistas e que evitaram uma guerra civil no Brasil ao não resistir ao traiçoeiro golpe sofrido. Ferreira nos chama atenção ao escrever que Jango representava de certa forma uma política getulista e que vinha de uma geração nacionalista, com crenças na defesa da soberania nacional. Esta geração que defendia a ampliação dos direitos sociais dos trabalhadores do campo e das cidades avessa aos modelos privatistas e entreguistas, geração do "O petróleo é nosso". Jango não acompanhou ao posicionamento de Brizola, este que faz falta na vida política, em resistir com armas a esta abrupta interrupção do sistema democrático do Brasil. Não existe "Se" na história , percebo que o posicionamento emblemático do então presidente Jango foi por acreditar que uma guerra fratricida se avizinhava, ele não tinha como prever a longa ditadura que se estabeleceria e os graves atentados aos direitos humanos que aconteceriam. Penso eu que Jango não foi covarde, foi coerente com sua postura política. Não devemos, não podemos abrir mão do controle social e de exigir a transparência na gestão das coisas públicas deste país que constitucionalmente tem previsão na Carta Magna ,na carta das liberdades, promulgada de 1988. Cercear liberdades, não cumprir a lei de acesso à informação é mais do que um desrespeito à constituição brasileira , é um atentado a própria democracia.

sexta-feira, 30 de março de 2018

O Verbo se fez Carne por Álisson Lopes

Semana santa , momento de reflexão para os cristãos, oportunamente li o romance feito por Frei Betto " Um Homem Chamado Jesus", nos apresenta um Jesus tão humano , tão cheio de amor e humanidade, cita ainda Leonardo Boff na seguinte frase sobre Cristo :-"Humano assim como ele foi só podia ser Deus mesmo". " Em um trecho do romance a profetisa Ana exclama;"-O verbo se fez homem e habita ente nós!" O verbo se fez carne , mostrou-se homem e Deus com seu próprio sofrimento terreno, com tantas formas que ele poderia ter marcado sua estada nesta terra , veio vestido com a vulnerabilidade da carne humana e usou da palavra como o maior instrumento de seus ensinamentos sem violência , sem discurso de ódio. Sem dúvida foi o maior militante dos Direitos Humanos. Nosso calendário tem como marco o nascimento de Jesus Cristo, então , 30 de março de 2018, o que temos feito? Nosso cotidiano mostra uma desqualificação dos defensores dos direitos humanos, assassinatos, ameaças e os verdadeiros antipatriotas neste país são os políticos corruptos com discursos falaciosos e práticas que deterioram as instituições e extirpam da política os humanistas. Não são bombas que vão minar o poder da corrupção , mas sim o empoderar do povo por intermédio da educação e conhecimento, temos que fiscalizar, exigir o máximo de transparência e controle social. Servidores públicos , usuários dos sistemas, cidadãos, são vitimas de má gestão e corrupção, é aterrorizador saber que os profissionais da saúde adoecem ao sentir no cotidiano das suas profissões a impotência de atender uma pessoa e não ter as condições mínimas necessárias de efetivamente salvarem vidas.É de esmagar o coração ter que correr em vários hospitais de pronto atendimento para encontrar um pediatra para atender uma criança que necessita de atendimento emergencial. Temos que ter esperança , não podemos desistir da democracia, temos poder ! Você é uma liderança, seja na sua casa com sua família, no seu bairro, temos que minar o maldito "status quo" da velha política com a participação cidadã. Uma pessoa que gere um cargo público tem que ser humanista, ético, legalista, uma pessoa que ocupa um alto cargo público e sequer cumprimenta os funcionários que limpam seu gabinete não é digna de estar lá. Vamos ostentar o amor, a solidariedade, o perdão e não o capital, não o status quo, não ao consumismo. Somos todos humanos seja um rico empresário, um servidor público , uma pessoa em situação de rua ,é essa humanidade latente e amorosa que Cristo defendeu e nos ensinou com amor. Leia sobre Cristo, veja sua história, sua militância e viva o Cristo em você, viva a humanidade, viva o amor. (...) "Uma voz ressoa da nuvem: ESTE É MEU FILHO AMADO, QUE ME ALEGRA. OUÇAM O QUE ELE DIZ!" ( trecho do romance Um homem chamado Jesus, de Frei Betto, pág.217, editora Rocco.2009)

domingo, 25 de março de 2018

Se queres a paz, trabalha pela justiça(Dom Helder) por Álisson Lopes

No dia 22 de março de 2018, pela manhã, fui presenteado com a indescritível honra de participar compondo mesa e representando a Ordem dos Advogados do Brasil da seccional do Distrito Federal na Sessão solene da Câmara dos Deputados em respeito ao Dia internacional do Direito à verdade.Na ocasião foi prestada nova e merecida homenagem à memória de Marielle Franco e de todas e todos defensores dos direitos humanos. Jamais esquecerei a oportunidade de ter conversado com a deputada Luiza Erundina , mulher forte e de atitude. No mesmo dia 22 de março , no período noturno , participei como presidente da Comissão da Memória e verdade da OAB-DF do primeiro encontro das rodas de conversas sobre Regime militar e Redemocratização brasileira , mesa composta pelo jornalista Hélio Doyle e o jornalista Matheus Leitão. O Matheus Leitão escreveu à magnífica obra "Por meus pais" onde relata o processo de prisão e torturas sofridas por seu pai e sua mãe na década de 70 por serem estudantes envolvidos com organizações estudantis e panfletarem contra a ditadura civil/militar. Já Doyle, autor da obra "Assim é a velha política", descreveu em sua participação a conjuntura política de 1964 até a 1985, destacando a falta de liberdade e a dureza da repressão à liberdade de expressão e afirmou que também existia corrupção no período do regime militar. Nesta semana no projeto Direito à Cidade iniciei com os estudantes os primeiros passos para conhecerem um pouco da obra de Platão , Aristóteles e Maquiavel, não esqueci de conversar sobre o quanto foi a emocionante ter participado da sessão solene, experiência que certamente marcou minha existência. Toda esse momento me levou a ler a obra "Dom Helder : O Artesão da Paz" coletânea de palestras realizadas por Dom Helder e organizadas neste volume por Raimundo Caramuru e Lauro de Oliveira. Vislumbrem esse pequeno trecho: " Quando enfrentaremos a ira dos poderosos; quando nos decidiremos a perder prestígio e favores; quando aceitaremos ver torcidas nossas intenções; quando aceitaremos até riscos maiores para ajudar as minorias abraâmicas e denunciar injustiças , em plano interno e em plano externo, e, sem cuja, a paz será simplesmente uma bela palavra vazia?" *palestra realizada em Kansas City(USA), 15-1-72, durante a conferência Ecumênica sobre a guerra do Vietnã , patrocinada por Organizações Protestantes, Ortodoxas, Católicas e Judias, dos USA e do exterior. Até quando?reforço o coro de Dom Helder. Vociferar o discurso de ódio e destruição é mais fácil e conveniente para alguns do que aceitar a diversidade e construir um consenso, amar é mais difícil do que odiar. Construir a paz requer compromisso, desprendimento e empatia, enquanto o ódio emerge por vingança e egoísmo. Discurso de ódio não pode ser considerado liberdade de expressão , um discurso racista por exemplo em nossa legislação brasileira é crime . Temos sim que ter coragem de amar o próximo. Encerro este pequeno artigo com o titulo da música de Beto Guedes e Fernando Brant, O medo de amar é o medo de ser livre.

domingo, 18 de março de 2018

Direitos humanos e segurança pública

Direitos humanos e segurança pública Na obra de Guilherme de Souza Nucci , Direitos Humanos versus Segurança pública, explica que a corrupção é uma das maiores afrontas aos direitos humanos, "...A corrupção ataca de maneira sombria e furtiva, não se tratando de conduta violenta contra pessoa, passa despercebida pela sociedade...", ou seja, o desdobramento da violência nas cidades por conta da corrupção muitas vezes não é considerado. A corrupção é sem dúvida um desagregador social e mata a participação cidadã. A corrupção enfraquece o Estado e produz o distanciamento de boa parte das pessoas da política. O brutal assassinato da militante dos Direitos Humanos Marielle Franco e Anderson Pedro Gomes demonstra que quem defende os direitos humanos neste país corre um risco real de morte. Um servidor público que faz o seu trabalho de maneira correta e honestamente ao se deparar com esquemas de corrupção e denunciar corre risco de morte, um cidadão em seu bairro quando aponta questões de violações de direitos humanos sofre ameaças de toda ordem e até também ameaças de morte, portanto, quem em nome de um bem coletivo , a despeito das provocações e ameaças, levanta a bandeira de uma sociedade verdadeiramente justa e dos direitos humanos é um alvo para ações truculentas de quem não respeita à dignidade humana. A velha política e a corrupção são mais do que familiares entre si, são uma simbiose de opressão ao pobre, de classicismo, de racismo, de intolerância religiosa e sexual, é quase um antigo regime feudal. A segurança pública e os direitos humanos deveriam andar em sincronismo, até porque acredito que sem direitos humanos respeitados não teremos segurança pública. A dignidade da pessoa humana representa o núcleo básico do ordenamento jurídico brasileiro. Qualquer pessoa pode sofrer uma afronta aos seus direitos mais básicos, seja como trabalhador, como consumidor, como usuário no sistema de saúde. É inegável as violações aos direitos humanos e estatisticamente alguns grupos sociais são mais vulneráveis a isso. Nesta semana no projeto Direito à cidade tivemos a presença do agente de Polícia Federal Flávio Werneck em uma palestra para cerca de 150 estudantes do ensino médio, ele destacou, dentre outras coisas, a importância da interação preventiva dos agentes de segurança pública na comunidade com palestras, ações sociais e a empatia que isso proporciona entre os agentes da segurança pública e a comunidade, sendo possível estabelecer uma relação de confiança e respeito mútuo. Em outro momento os estudantes também puderam assistir o documentário biográfico a Capoeira Iluminada , referência a vida e obra de Manuel dos Reis Machado , o Mestre Bimba criador da capoeira Regional. É muito curioso saber que o candomblé e a capoeira eram perseguidas mesmo após à abolição da escravatura e mesmo após o advento da proclamação da república no Brasil. Praticar capoeira era crime em 1890 , quem diria , quem te viu e quem te vê , hoje a capoeira é patrimônio imaterial do Brasil e reconhecida mundialmente como patrimônio da humanidade, embora viver da docência da capoeira aqui não seja nada atraente e fácil. Foi Mestre Bimba já na década de 40 que conseguiu o reconhecimento da luta regional baiana , a capoeira Regional, junto ao então presidente da República brasileira Getúlio Vargas. É importante atentar para a disposição da resistência da negritude que mesmo sofrendo ataque feroz e institucional do Estado não deixou a capoeira e nem o candomblé serem extintos. A capoeira já foi inimiga da ordem pública racista do final do século xix e objeto de repressão da segurança pública. Comparo os defensores dos direitos humanos aos antigos praticantes da capoeira , pois com toda adversidade continuavam lutando e jogando na roda da vida e sem perder os sonhos. A segurança pública não pode ser tratada com maniqueísmo e sectarismo, os militantes dos direitos humanos são atacados, por muitos, como se fossem os criadores de uma sociedade desigual e perversa, e na verdade lutam por uma sociedade com justiça e paz . Lamento que alguns setores da sociedade desqualificarem lideranças que pagaram com a morte por lutarem , sem violência, por uma sociedade verdadeiramente livre e solidária. Pessoas humanas demais como Chico Mendes, Dorothy Stang, Marinalva Kaiowá, Margarida Alves, Anderson Pedro Gomes, Marielle Franco e tantas e tanos assassinados, massacrados por transformarem em prática a palavra AMOR! Boa semana e até a próxima aula.

domingo, 11 de março de 2018

Primavera nos Dentes.

Coluna Direito à Cidade :" Primavera nos Dentes" por Álisson Lopes Segue a letra da música Primavera nos Dentes, autores João Ricardo/João Apolinário) ouvi na interpretação do grupo Secos e Molhados no vinil homônimo , prensagem de 1973, adquirido na Funhouse Discos do amigo Luizinho. " Quem tem Consciência para ter coragem Quem tem a força de saber que existe e no centro da própria engrenagem inventa a contra -mola que existe Quem não vacila mesmo derrotado Quem já perdido nunca desespera E envolto em tempestade, decepado entre os dentes segura a primavera" Emblematicamente linda e lendo conjuntamente à obra República de Platão e o diálogo descrito entre ele, Sócrates e Polemarco, onde Sócrates define:- " Fazer mal a alguém , Polemarco, a um amigo ou a qualquer outro, portanto, é próprio não de quem é justo, mas sim de quem é injusto." Inevitavelmente relacionei com a concepção de ordem social e suas definições que é um debate constante nas aulas de sociologia com as presenças conceituais e considerações de pensadores como Comte, Weber, Marx e Durkheim esse ultimo considerando por muitos como pai da sociologia. É interessante saber como as revoluções burguesas deram a possibilidade da construção das ciências ditas sociais tais como: Antropologia, Ciência política e a própria sociologia, e também as suas críticas as sociedades capitalistas, ou seja, críticas a "Ordem social burguesa", para Marx em sua obra O capital , ele confronta as bases da sociedade burguesa e suas contradições justamente pela falta de igualdade , liberdade e fraternidade palavra de ordem da Revolução Francesa e influência das ideias iluministas. A ordem social, de maneira breve e simples, estabelece contratos , acordos , normas costumes, escritos ou não, e até tradições para manter um convívio harmonioso entre os ente, indivíduos, instituições na estrutura do Estado , contudo uma sociedade com pleno exercício da paz ainda está distante.É para criar uma nova ordem social mundial que os Estados Unidos da América lançam a terrível bomba atômica em Hiroshima e Nagazaki, num Japão já vencido na segunda grande guerra, ali apresentando-se como novo xerife mundial à moda texana. A música Rosa de Hiroshima , autoria Gerson Conrad/Vinicius de Moraes, apela "...Pensem nas crianças..." e de fato não pensaram nas crianças ou no bem estar de ninguém ao lançarem essa poderosa bomba de destruição em massa e no aguçar da corrida armamentista mundial. A humanidade permanece no caminhar para aproximação de uma sociedade, espero de maneira global, com seres humanos justos, sábios e instruídos, e voltando à obra República que há mais de 2.300 anos , Platão por meio do diálogo buscou sensibilizar seus discípulos e sociedade à materialização de uma sociedade verdadeiramente justa. Para encerrar, essa conversa por hoje, no dia 07 de março ocorreu a aula inaugural do projeto Direito à Cidade e agradeço à coragem e competência da gestão e todos membros do Centro Educacional 02 do Guará , conhecido como GG, em acolher e permitir o desenvolver do projeto , especialmente a Diretora , gestora, Cynara e o vice diretor , gestor, Luiz Carlos que representam legitimamente toda comunidade escolar numa bela gestão democrática . Também não posso deixar de agradecer a presença do procurador do Ministério Público do Distrito Federal , afastado para exercer mandato parlamentar como deputado distrital na câmara legislativa do DF, o servidor público Francisco Leite, o Chico Leite, que na oportunidade ressaltou que um dos objetivos do projeto que é de trabalhar uma educação em direitos voltada para aplicabilidade , ou seja uma práxis, na realidade local de estudantes que são moradores , em sua maioria, da Estrutural e do Guará, lembrou sabiamente do trabalho desenvolvido pela militância da linha de pensamento do Direito achado na rua, inclusive em outras conversas comigo disse ter sido estudante de Roberto Lyra filho, um dos pilares teóricos desta forma diferenciada de vislumbrar e propagar o direito. Outro ilustre convidado que veio prestigiar à aula inaugural foi o professor Fábio Sousa, subsecretário de Educação da SEDF, fez uma fala propositiva no sentido de expandir à educação em direitos , mostrando alegria e confiança no projeto local Direito à Cidade e também ao projeto Falando Direito como possibilidade de agregar toda rede pública de ensino do DF. A diretora Cynara , às vésperas do dia internacional das mulheres, 08 de março, agradeceu a presença de todos os presentes e encerrou o importante momento que teve a presença de 150 estudantes da instituição, ela e sua equipe colocaram em prática uma gestão inovadora e de vanguarda na educação em direitos para formação cidadã da comunidade escolar . O GG já apresenta bons índices educacionais e com o projeto Direito à cidade e tantos outros já vigentes a tendência é sempre melhorar. A instituição tem uma equipe qualificada e comprometida disposta ao desenvolver de projetos que otimizam a relação ensino aprendizagem . É a escola pública atuando , ontologicamente, plenamente sua função como uma máquina libertadora de fazer democracia lembrando a expressão do saudoso Anísio Texeira. Até a próxima aula com esperança e fé em dias melhores! Abraço fraterno, Álisson Lopes.

domingo, 4 de março de 2018

Viva La Revolución- pela educação

" Viva la Revolución" pela educação Lendo a obra " Viva La Revolunción "de Eric Hobsbawn , acredito ser interessante quando em seu artigo "Um homem rigoroso: Che Guevara", é destacada a militância do homem Ernesto Guevara de La Serna, também o mito "CHE",e ainda hoje depois de 51 anos de seu assassinato em 09 de outubro de 1967, aos 39 anos, em La Higuera na Bolívia, são muitas as críticas e elogios ao guerrilheiro. Deixando o ceticismo ou o romantismo em relação ao Che Guevara, o que me interessa , pelo menos neste artigo, ao invocar Hobsbawn e sua visão do revolucionário argentino pós revolução cubana é o de que Ernesto era sistemático , rigoroso e organizado, características inerentes ao um bom educador. E isso faz com que eu me lembre uma leitura importante da minha juventude que se tornou um livro de cabeceira , a Pedagogia do oprimido do saudoso Paulo Freire, nela compreendi que o educador deve ter uma sistemática ao ensinar, uma didática marcante e que ensinar com amor não afasta a necessidade de um ou vários métodos bem definidos. E no caminhar dos universos que cada livro aborda e nos permite perceber outras realidades ou à nossa própria , na obra de Gladstone Leonel Júnior, encontrei como tema "O Novo Constitucionalismo latino-Americano", onde se discute o surgimento do constitucionalismo moderno como desdobramento da independência dos Estados Unidos da América em 1776 e a Revolução Francesa em 1789, onde o modelo configura o Estado como "única entidade que pode gerar direitos e que o povo politicamente organizado pode definir regras jurídicas obrigatórias", atende o modelo das revoluções burgueses do século XVIII. O avançar da civilização humana , das ciências sociais são ininterruptos, com as ciências jurídicas não seria diferente, o novo constitucionalismo povoa um processo que se atenta com a legitimidade democrática como fator importante para concepção constitucional ,se importando com o aspecto multicultural para fortalecer, por exemplo, direitos indígenas , direitos dos remanescentes de quilombos e o reconhecimento da identidade cultural e de direitos individuais e coletivos. Em meio a tantas leituras e considerando as posições acadêmicas percebo que o debate da educação em direitos como também o seu contexto com as disciplinas já previstas e presentes nos currículos escolares da educação básica brasileira é fundamental para efetivar o ambiente escolar como vivência e exercício da cidadania. Para que o jovem possa ser sensibilizado em relação a vital importância da educação , é primordial dar espírito ao conhecimento, ou seja, apresentá-la útil ao seu cotidiano, aplicável a sua realidade, permitir que o estudante utilize a educação como transformadora da sua realidade, aprendizagem que permeia suas horas, seus dias , enfim suas vidas. No dia 07 de março de 2018 , às 14h , no Ced02 do Guará I, "GG", faremos simbolicamente uma aula inaugural do Projeto Direito à Cidade, projeto que busca empoderar estudantes em uma educação em direitos de forma introdutória, mostrando o respeito a Constituição de 1988, normas, códigos e estatutos da legislação brasileira. Semanalmente irei descrever as vivências em sala de aula neste espaço. Aos jovens ofereço Violeta Parra ,música Volver a Los 17, "Voltar a sentir profundo como um menino diante de Deus".

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Direito à Cidade

Direito à Cidade por Álisson Lopes, Paulo Freira já vislumbrava que educação é libertação ( "educação com qualidade", VII, 206 CF) para formação de cidadãos críticos e autônomos , o projeto Direito à Cidade tem como objetivo empoderar com conhecimento estudantes do Centro Educacional 02 do Guará I, conhecido como "GG", e também o Centro Educacional 01 do Riacho Fundo II com uma educação em direitos , e deveres, contextualizada com a realidade social, com o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas (III, art.206 CF), semanticamente à democracia significa o poder do povo, e o direito deve ser a manifestação da consolidação dos acordos de convívios sociais e não instrumento de domínio para alguns poucos, é na educação e nos direitos , sem violência, que a humanidade caminha rumo à civilidade ( "promoção humanística, científica e tecnologia do país, inciso V, artigo 214 Constituição Federal). No ano passado fiz uma parceria com o Projeto Falando Direito, iniciativa exitosa, minha breve passagem nesta ação serviu para destacar ainda mais o obvio que é a importância da escola pública para educação em direitos e democracia, e que muitas escolas do DF tem desenvolvido trabalhos de ensino/aprendizagem de excelência a despeito de todas as dificuldades, os contratempos conhecidos e tão divulgados na grande mídia. Vejo que é necessário seguir com os projetos interrompidos de Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira, uma sociedade que verdadeiramente constrói seu caminhar de forma civilizada, que participa da vida da sua rua, bairro, cidade, país, nação, tem a educação como principal investimento. O projeto Direito à Cidade contextualiza, e não poderia ser diferente, as disciplinas de história , filosofia, sociologia, entre outras, com o ensino introdutório em direitos com base na força dos movimentos sociais, normas legais e o povo como mandatário dentro do processo representativo democrático. Dentre as práticas didáticas e recursos materiais à maior instrumentalização é a palavra, o dialogo, entre educador e estudante, o docente empodera o estudante, em uma cultura de paz e não violência , para que ele se torne protagonista da sua própria história. A esperança não é algo que remete só ao futuro mas efetivamente o agora! Entre a história das civilizações e a busca pela consolidação dos direitos humanos temos a filosofia como pensar vivo e prática do real. Ao exemplo de movimentos sociais históricos tais como o Abolicionismo, a Guerra de Canudos, as marchas tenentistas, das narrativas de revoluções e golpes, seguimos como nação construindo, devemos perseverar para materializar, concretizar sem revês uma democracia participativa cada vez mais representativa e extirpar mazelas como a maldita corrupção. O direito à cidade trás a retomada do espaço social para o coletivo, para o povo alcançar uma igualdade social e respeito à diversidade cultural. " A praça, a praça é do povo! Como o céu é do Condor!" Castro Alves. A concepção do direito à cidade tem se manifestado em países europeus e aqui também no Brasil, linhas de pensamento como o " Direito achado na rua" tem defendido o imprescindível conhecimento dos fatos históricos na conquista dos direitos pela militância de mulheres e homens na contínua busca por uma sociedade justa, igualitária e humana, ou seja, sem transformar seres humanos em mercadorias como a "maldição do Rei Midas" que transformava tudo que tocava em ouro como bem comparou Antonio Gramshi. Álisson Lopes- É advogado, professor de História e sociologia na SEDF, membro do Conselho de Defesa do Negro do DF e presidente da Comissão da Memória e da Verdade da OAB

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Carne , Sangue, dor , ossos

Do que sou feito? Carne, sangue, dor , ossos ? O que eu quero dinheiro não paga, Onde quero chegar ? Aruanda! Aruanda aqui e em qualquer lugar. Sou dotado de vontade , de vida . Caçador de caçadores, sem pecado original, mas integridade física e intelectualmente com os meus camaradas que vem comigo,encarnados e desencarnados, e sei que meu padrinhos de capoeira e de todas as rodas da vida , Ogum e Oxossi, me ensinam , em minha cabeça, matéria e alma aonde chegar, e é chegar chegando. Em um dos momentos de dor e frustração em 1995 , no serviço militar obrigatório aprendi na época, prática que perdi, de olhos vendados montar uma pistola de 9mm e um FAL em um minuto, atirava com esses instrumentos em treinamentos e quando não acertava o alvo a cerca de 50 metros tinha o capacete atingido pelo sinalizador , quantas vezes fossem os erros. Fico pensando o quanto minha família daqui e de Aruanda me guardam , com uma pistola totalmente carregada poderia ter alvejado agressores, mas isso não é justiça e nem honestidade, as luzes das entidades me conduzem , me entrego a elas.