Capoeira é história

Capoeira é história
capoeira é história de libertação

domingo, 27 de maio de 2018

há se eu fosse intelectual

Escrever semanalmente para o portal Repórter Brasil central na coluna Direito à Cidade tem sido um desafio, tanto pela falta de tempo para escrever quanto pela dificuldade de mostrar teoria e prática que é uma das propostas da coluna, na realidade mostrar boas práticas na ocupação da cidade pelas vias democráticas e populares. Pessoalmente, ter que escrever na coluna tem me forçado a ler compulsivamente e também as entrevistas feitas tem enriquecido minha visão de mundo, mas especialmente a convivência próxima com o jornalista João Negrão e o jornalista Hélio Doyle promoveram grande avanço em minha formação crítica e cidadã, até gostaria de me considerar um intelectual, sinceramente não sou, sou um comunicador por profissão , não sou jornalista, mas professor que é o que faz me meter a besta de compreender essa sociedade de forma plural e também sou advogado por formação, isso tem feito que a cada dia queira escrever melhor e desenvolver minha oratório, pois mesmo fora dos tribunais defendo causas o tempo todo. Também devo confessar que meus amigos tem contribuído de forma determinante em minha formação, as entrevistas, na verdade um bate papo, com pessoas brilhantes como a advogada Enilde Neres, a escritora Cristiane Sobral, a psicóloga e bacharel em direito Márcia de Alencar, o sindicalista Carlos Henrique do Sindsep, o educador social Everardo Aguiar, o primeiro secretário cubano Juan Pozo, o deputado distrital e professor Reginaldo Veras, o professor Fábio Sousa, o advogado Carlos Inácio. Tem sido uma bela oportunidade. Estamos vivendo uma sociedade parada pela falta de combustível, falam-se de greve dos patrões e outros em movimentos populares , o fato é que os movimento dos caminhoneiros parou o Brasil. Lendo oportunamente a obra de Edmar Morel sobre A Revolta da Chibata, faço uma observação não comparando os dois movimentos que tem tempo e contexto histórico diverso, mas provocando o leitor no seguinte aspecto de que a história brasileira nunca foi exemplo de águas pacíficas e tranqüilas a serem navegadas. Também alerto o tanto que em momentos de crise algumas pessoas parecem beirar a insanidade com demonstrações de fúria uns com os outros em filas para abastecer o carro. Mas ainda me apego aos bons exemplos e necessários de solidariedade

domingo, 20 de maio de 2018

Cláudio Moraes , revolucionário do amor : Clown pelas cidades

Já pude descrever em um dos meus artigos um jovem com olhar de desesperança, sangue no olho, e como ele representa simbolicamente tantos jovens prestes a explodirem por falta de orientações , metas e objetivos. Mas felizmente existe gente, gente na melhor concepção de ser gente, que sabe dar nó em pingo d'água e viver a simplicidade , que poeticamente sem se distanciar do que é real , respira a felicidade e ensina , contagia a alegria aos que estão ao seu redor, este artigo ofereço para o Palhaço verde, que conheci antes como Cláudio Moraes e o inesquecível Chaplin, seres humanos que jamais se alienaram diante da diversidade muitas vezes dura demais e estenderam as mãos com flores e não com socos ou armas de fogo. Ainda estou lendo a obra "Minha Vida" por Chaplin, mas já vislumbro que ele demonstra um mundo dividido por ideologias e a formação de Estados totalitários, narra sua vida pessoal e as contradições de seu tempo, muitas contradições assustadoramente atuais. Debocha do culto a personalidade no nazismo e também nos alerta com a desumanização do trabalhador em uma sociedade onde se sobressaem números financeiros e o capital. Chaplin , um vagabundo mágico, desafia a ordem com um errante e desafiador personagem solto de amarras e rótulos , humano demais, sensível de mais ao ponto de humanizar corações petrificados com a ligeireza dos tempos contemporâneos, coisa bonita assim tenho visto também com a trupe Bula Do Riso , a qual Cláudio Moraes integra, que vem atuando no HUB, o grupo se autodenomina "...Somos palhaços e palhaças neurobesteirologistas". E assim , simples, sem prolongamento de falas e escritas manifesto aqui minha completa admiração ao Grupo Bula do Riso e ao saudoso Chaplin, se o Rei Midas ao auge de sua ganância tinha em seu toque o poder de coisificar pessoas, essas palhaças e palhaços tem com o poder do riso distribuir esperança e humanidade! Viva às palhaças, aos palhaços e as palhaçadas , estas e estes que do ofício fazem brotar gargalhadas e amor.

terça-feira, 15 de maio de 2018

O Processo

Na semana passada tive a oportunidade de assistir o documentário brasileiro o Processo dirigido por Maria Ramos , nele narra o processo que provocou o impedimento da presidenta Dilma Roussef, segundo a produção da obra foi ofertada a mesma oportunidade tanto para os que promoveram o pedido de impedimento quanto para os que fizeram a defesa da então presidenta do Brasil de demonstrar o cotidiano dos bastidores do processo jurídico/político . São muitos pontos a serem abordados, mas escolhi comparar a atuação da advogada Janaína Paschoal em frente a atuação do advogado José Eduardo Cardozo, no decorre do filme percebi que o advogado Cardozo teve uma atuação mais técnica e melhor oratória rebatendo as questões relacionadas as "pedaladas fiscais" , não consegui vislumbrar tal expertise na atuação da advogada Paschoal. Ao terminar de assistir o documentário sai com a impressão que o tal impedimento já estava definido mesmo antes do final do processo, os debates teriam um peso simbólico e que o entendimento jurídico foi vencido pelo discurso político. Percebo que os desdobramentos políticos do processo de impedimento continuam e nas eleições de 2018 temos a oportunidade de unir o povo brasileiro em busca do nosso necessário desenvolvimento político e econômico.

sábado, 5 de maio de 2018

Crônica do desencontro: Pelas ruas e vielas

Certa vez numa das minhas andanças pela ruas e vielas desta contraditória cidade/capital , vi e ouvi uma pregação , uma sustentação digna de ser feita no púlpito do STF, era um popular , um rábula talvez, um conselheiro, um contestador, sozinho um senhor que em sua altivez instrumentalizava palavras de ordem, de progresso, de amor, ele detinha em seus braços como escudo um livro, de longe parecia uma bíblia, um alcorão , talvez à torá , mas curiosamente ao me aproximar pude perceber que era a carta magna brasileira de 1988¸ a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 que é a lei fundamental e suprema do Brasil, parâmetro de validade a todas as espécies normativas desta nação. Coisa que alguns legisladores insistem em ignorar e produzem leis inconstitucionais para com demagogia ter publicidade junto ao povo. O errante senhor, parecia um idoso, um profeta ou profano, barba grande branca tendendo para o amarelo, uma voz insistente e convicta, uma postura desafiadora em roupas simples e desbotadas. Jogava ao fraco vento e a robusta poeira da cidade dizeres de resistência, de união, de ofensiva e luta , de poder ao povo, de povo ao poder, eremita no meio da cidade parecia falar para mim, catequizar , sensibilizar ou somente desabafar. Parecia alguém que a história marcou e deixou no passado, com marcas duras no rosto , mas não arrancou convicções que certamente fecharam portas, parecia alguém sem família, talvez não tenha feito família por optar por uma militância de massas, escolherá a humanidade como família, ou tenha sido abandonado por considerarem extemporânea sua ideologia, falava sem pudores, sem temores e aparentemente sem muitos ouvintes. Em pé , magro, sem pena em gastar a voz, com uma garrafa pet verde, supostamente com água. Defendia coerente com sua singela presença , uma postura, uma atitude , uma catarse. A medida que me afastava desse intrigante agnóstico ou ateu, mas republicano, ainda era possível ouvir as palavras e frases tais como que para os trabalhadores pararem o país era necessário cruzarem os braços, sem dúvida um subversivo logo ali. Era incontestável a sua disposição em falar , em manter um tom de voz alto e sereno, afetivo até. Já distante , sem mais ouvir aquele senhor , logo me coloquei a pensar em coisas que li , coisas que remetiam em minha memória movimentos insurgentes na historiografia brasileira, e obras que descreviam fatos assim, os Sertões por exemplo, de Euclides da Cunha, ele tivera a incumbência de descrever a querela da guerra de Canudos, recordo nas páginas finais a descrição do desfecho trágico de uma utopia no sertão, o aniquilamento de um movimento, lembrei também de outro movimento dito como messianismo , o Contestado e o documentário "Contestado- Restos mortais" , esse derradeiro me provoca arrepios ao demonstrar depoimentos de historiadores, populares e até médiuns como porta vozes de entidades de outras esferas espirituais .Pela idade que aparentava o militante ermitão em suas falas e proposições, análises de estrutura e conjuntura, das teses , antíteses e sínteses apresentadas , o solitário orador demonstrava a compreensão da vida do povo brasileiro, dias depois voltei ao mesmo local , ele não estava lá , ninguém o conhecia, ninguém o viu, o velho militante provocou-me uma grande autocrítica, voltei com a disposição de conversar, de conhecer , ele não estava lá, nada de sua defesa revolucionária que se não fosse pela firmeza e clareza beiraria o delírio.