Capoeira é história

Capoeira é história
capoeira é história de libertação

segunda-feira, 30 de abril de 2018

HannaH Arendt para todas e todos

Em tempos de nefastos discursos ideológicos de ódio e uso do terror, recomendo a leitura da obra Origens do Totalitarismo de Hannah Arendt, a escritora demonstra historicamente o uso da ideologia como arma política e não como doutrina teórica, pois o aspecto científico nesta perspectiva de dominação é secundário. Uma liderança política que pretende vencer um pleito eleitoral semeando desunião numa nação, deveria ser banido da política , o totalitarismo seja de direita ou esquerda não pode ter mais espaço, fere o humanismo. Uma liderança se constrói como uma força coletiva, com proposições e agregando segmentos sociais. O vociferar de discursos segregacionistas parece tomar o palanque de certos politiqueiros em nossa nação, apontar e culpar pessoas e grupos, criar um inimigo e instigar a intolerância é o jeito fácil de pretensos candidatos aos mais variados cargos políticos angariarem votos dos descontentes com a política representativa atual. Não podemos esquecer de Ghandi, de Mandela ,de Luther King, de Betinho que viveram contra essa lógica desumanizadora , escolheram e influenciaram milhões em todo o mundo para trilharem o caminho da paz e não violência. Ser candidato não é concorrer a um concurso público, não é pensar em prerrogativas e privilégios, aliás, um político em qualquer esfera de poder deve agir com transparência, eficiência, abrir mão de verbas indenizatórias , reduzir verbas de gabinetes ao mínimo necessário, não fazer gasto com publicidade para divulgar o mandato. Enquanto uns parlamentares eleitos gozam de prerrogativas e bonança , brasileiras e brasileiros sucumbem em portas de hospitais peregrinado por atendimento, quando um político viaja ao exterior com dinheiro do contribuinte se afasta da promessa de servir ao povo, explora quem ele deveria representar.

sábado, 21 de abril de 2018

Porque não sou candidato

Desde que comecei a escrever a Coluna Direito à cidade algumas pessoas vem perguntando se sou pré- candidato nas próximas eleições , isso me intriga um pouco, aliás vou responder logo , não sou candidato a cargo eletivo algum. A velha política deixa esse estigma na efervescência política e na militância cidadã, como o cenário político atual não inspira muita confiança, muita gente , muita gente boa, numa representação do senso comum acredita que todas as pessoas envolvidas na política são oportunistas, desonestas e os que pretendem entrar querem fazer mais do mesmo. Pois penso um tanto diferente em relação a isso, tenho muitas amigas e amigos prontos para fazerem diferença num pleito legislativo, portanto apoio. Já tenho meus candidatos em mente para a eleição de 2018 , lembro de todas e todos que votei em todas as vezes que compareci para exercer minha cidadania na hora do voto. Mas é preciso atentar para quem vem pedir o seu voto, quem for eleito tem que legislar e governar para todas e todos, bancada "disso" ou bancada "daquilo" só levou o país para o cenário temeroso atual. Ser ficha limpa, faço uma pequena analogia e lembro de algo comentado em minha família quando eu era aprovado na escola em minha infância " Não faz mais do que sua obrigação", ser ficha limpa é obrigação, precisamos mais do que isso, precisamos de pessoas que estudem a realidade que compreendam que é a diversidade que faz desse país continental único e ainda que tenham vivência na realidade das ruas, que saibam da dor e cicatrizes do povo. Não sou candidato, porque a minha missão histórica é servir e ajudar a formar os que estão vindo para governar , a nova geração, os estudantes , essa geração que chega chegando, vou servir , vou dialogar, vou me expor para que em alguma dimensão eu possa colaborar na formação do povo brasileiro, só tenho tempo para isso. Minha missão primeira , fora do trabalho, é minha família. Meu pai foi acometido por um câncer impiedoso, lutou anos contra esse ignóbil inimigo , mas foi levado de mim , quando eu tinha 11 anos. Quando entrei mesmo na adolescência , senti muito sua falta, tive amparo em minha família , minha mãe demonstrou a força da destemida mulher nordestina , forte e presente,mas mesmo assim eu não tinha uma memória dele, especialmente sobre as coisas do mundo. Espero viver muito, mais quero deixar um pouco de mim em cada artigo , para quem sabe em um futuro que eu não esteja mais aqui, outras gerações leiam e meus descendentes saibam que nasci e vivi , e antes de percorrer a distância entre nascer e morrer, demonstrar que pensei e repensei o mundo e o tentei transformar um pouquinho creio eu para melhor. Segue um texto incidental ... O sol é para todos O sol de ofício abrasa as costas do trabalhador, É arguto o que se esquiva da eficiência solar nos momentos mais radiantes em terras terrestres. Na vida que aprendi nos quartéis em baixo do sol, aqueles que me quebraram, me domesticaram com doutrina e dor, tinha como mantra em suas paredes e bocas de falas e corpos de fardas que “ o sol é para todos e as sombras para alguns”; É arguto o que se esconde nas sombras e que deixa a maioria ao sol? É infeliz o que se reflete ao sol sem esquiva e pago pelos vendedores de tranquilidade e subordinação? Admito, nunca fui um exímio vendedor de nada, o sol é companheiro de muitas horas, já me iludi e iludi uns tantos em matutar em vender ideias, entretanto, em meio a tantos contratempos, faz um bom tempo que socializo meus sonhos, para junto com outros e também seus sonhos, tornarem tudo esperança, assim numa dialética epidêmica. A crise de representatividade não atenta só contra andrógina democracia, fenômeno frágil e rarefeito, na história dos seres humanos, mas a fé na retidão humana rumo ao progresso progressista, ética uns com os outros, e ataca também a outra via natural, aquela que serpenteia pelo caminho em busca de um raio de sol, a evolução, sim a revolução da vida. A insistente ameaça de sistemas homogêneos de dominação confrontam a grandeza diversa da humanidade e a própria revolução que é a vida . O sol é vida e morte nas costas de quem ele abraça. A sujidade de quem usa o sol como instrumento de sevícia é também a que destrói a crença na solidariedade. Acredito em uma força maior fraterna e ela é solidariedade e sol; Se tu esperas fórmula para vida, acomoda-te na longa fila de espera, porque em determinado momento tudo que você acredita pode não fazer mais sentido ou parecer perdido; Aí, meu pobre, não haverá razão para você, ou então numa explosão de vida reaja, mostre tua intuição agora, tua metafísica ou a tua pura razão, é assim que se acha o caminho.

domingo, 8 de abril de 2018

O projeto direito à cidade vai crescendo...

O projeto Direito à cidade vai crescendo devagar mais sem parar, quando apresentei o projeto nas instituições que sou docente , ele foi bem acolhido. Aliás é sempre bom reforçar que este caminhar progressivo se deve ao poder coletivo dos profissionais da educação pública que abraçaram esta prática e dos vários parceiros que se dispõem a participar voluntariamente de palestras e conversas com os nobres estudantes. São mais do que aulas, são o fomento da esperança, nesta última quarta feira tivemos as importantes presenças do Juiz de direito Dr. Fábio Esteves e do educador Professor/Doutor Leandro Grass, ambos cada um com sua expertise demonstraram aos estudantes que eles podem e são protagonistas de uma história brilhante. E quando falamos de direito à cidade logo penso na violência que obstrui nossa liberdade de ir e vir, daí a inevitável conversa sobre segurança pública ou pior à falta de segurança pública, penso também nas praças e parques abandonados pelo poder público. Neste final de semana andando por um dos parques da nossa cidade, vi uma mãe comemorando o aniversário da filha, a menina vestida lindamente de princesa, o parque tinha brinquedos enferrujados e até sujos, mas aquela mãe colocou numa parte coberta, o tempo estava nublado, uma mesa com um forro florido e com um grande bolo que aparentava estar delicioso, a princesa sorria e demonstrava alegria, imaginei ela dizendo "que Festa!" Pensei , apesar do descaso do Estado, Mãe e filha comemoravam juntas este momento único, vislumbrei a grandeza daquela mãe que em um ato de amor profundo encheu meu coração de esperança e tenho certeza que aquela criança jamais esquecerá tal ato materno. Ela ocupou com dignidade um espaço, tão frequentado e muito pouco cuidado por quem deveria zelar por ele. Eu vejo e escuto no cotidiano pessoas falando que na política todos são ladrões , todos são iguais , que não tem diferença, e resisto, não vou me entregar , pois enquanto uma mãe dentro de todas as dificuldades da vida parar para celebrar o aniversário de seus filhos eu vou ter esperança! Para encerrar por essa semana segue na integra o poema da escritora e amiga Cristiane Sobral, " Ah, menina": Há liberdade nos meus cabelos fartos trançados; Na ginga do meu quadril circulam achados ancestrais ; Sou tronco de mangueira; Espiral com energia do mato em transformação; Muito forte pra acreditar na besteira da discriminação; Empino meus cabelos pra cima; Sorrindo como preciosa menina ; Danço, transmuto a maldade Vim para sacudir a branca cidade Ninguém desfaz magia de criança; Aqui o racista se cansa; Nosso quilombo é vida. ( Livro Terra Negra, poema "Ah, menina", Cristiane Sobral , editora Malê).

domingo, 1 de abril de 2018

1° de abril de 1964 não é piada por Álisson Lopes

1° de abril de 1964 não é piada No dia 31 de março de 1964, 01 de abril poderia ser considerada uma piada sem graça, o processo democrático é interrompido , em seguinte brotam os atos institucionais e o obscurantismo da falta de transparência no controle social , as décadas posteriores são marcadas por tentativas constantes de apagar a memória política e também seus atores mais progressistas. O processo educacional sofre um baque irreparável bem característicos dos Estados de exceção, em meio há tantos absurdos, em nome de combater uma ameaça comunista o país é forçado a manter-se calado num consenso intelectualmente nefasto para o desenvolver de uma educação básica realmente emancipadora, considerando destacar que vozes destoantes se posicionaram contra rapinagem do livre pensar mesmo sob pena de deixarem de existir materialmente por conta disso. No livro sobre "João Goulart , uma biografia" de Jorge Ferreira, logo na introdução ele nos faz vislumbrar algumas correntes historiográficas que aparentemente descredenciam a vida política e liderança de Jango , como também era conhecido o presidente deposto em 1964, logo devo socializar que vejo João Goulart como uma das lideranças civis com tradições trabalhistas e que evitaram uma guerra civil no Brasil ao não resistir ao traiçoeiro golpe sofrido. Ferreira nos chama atenção ao escrever que Jango representava de certa forma uma política getulista e que vinha de uma geração nacionalista, com crenças na defesa da soberania nacional. Esta geração que defendia a ampliação dos direitos sociais dos trabalhadores do campo e das cidades avessa aos modelos privatistas e entreguistas, geração do "O petróleo é nosso". Jango não acompanhou ao posicionamento de Brizola, este que faz falta na vida política, em resistir com armas a esta abrupta interrupção do sistema democrático do Brasil. Não existe "Se" na história , percebo que o posicionamento emblemático do então presidente Jango foi por acreditar que uma guerra fratricida se avizinhava, ele não tinha como prever a longa ditadura que se estabeleceria e os graves atentados aos direitos humanos que aconteceriam. Penso eu que Jango não foi covarde, foi coerente com sua postura política. Não devemos, não podemos abrir mão do controle social e de exigir a transparência na gestão das coisas públicas deste país que constitucionalmente tem previsão na Carta Magna ,na carta das liberdades, promulgada de 1988. Cercear liberdades, não cumprir a lei de acesso à informação é mais do que um desrespeito à constituição brasileira , é um atentado a própria democracia.