Capoeira é história

Capoeira é história
capoeira é história de libertação

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

A correspodência

Em palestras que há anos atrás apresentavam a globalização como algo novo, lembrando que essa afirmação não é pacifica na historiografia, mas pouco importa agora no que vou descrever. Defendiam a velocidade das informações, na realidade batizaram de era da informação, o mundo se tornará uma província com a tecnologia das comunicações, muita informação, parece infinita e o planeta bem miúdo. A frase era: “é preciso romper os paradigmas”, é preciso globalizar-se, inserir-se na mundialização, ou você será um pária, um perdido, um desconectado, histeria total é a morte estar fora dessa onda. A globalização engolia as civilizações, todas numa volúpia insaciável e veloz. Hoje não se nega sua existência, não se fecha para ela, salvo pequenas civilizações milenares africanas e asiáticas, nada interessantes para serem engolidas, ou então tiranos teocráticos ou militarizados em suas governanças absolutistas. Todavia, toda essa pequena introdução foi para comentar sobre um livro intitulado “Toda a saudade do mundo”, refere-se a correspondências de Jorge Amado e Zélia Gattai. Um tempo, sem blogs, sem facebook, e-mails, apenas cartas, o escritor Jorge Amado se correspondia com sua esposa de maneira velocíssima para época, tanto que a coletânea dessas cartas concebeu um livro que é uma biografia do casal. Impressionante, o senhor Jorge Amado, escritor universal, trocar em sua intimidade correspondências quase que diárias, com sua esposa, além de se corresponder com Sartre, com Caribé, com Neruda, com Oscar Niemeyer e ainda tendo como amigos Marigrella, João Amazonas, Prestes, Pedro Pomar. Ele criou por intermédio de sua militância um círculo de amizades de pessoas geniais no que faziam. Eram revolucionários, subversivos, a vanguarda do século XX. Impressionante mesmo! Contudo, o peculiar do livro é descrever como em uma época distante da internet, como ele alimentava e era alimentado por informações de “recortes”, ou seja, artigos, manifestos, cartas de amigos, uma verdadeira rede de intelectuais, que oxigenavam os saberes tendo como instrumento as informações de seus correspondentes. De fato o escritor Jorge Amado viveu plenamente a arte de escrever e também de cultivar amigos, brilhantes amigos. E não posso desprezar que o Jorge Amado deixa nítido em suas obras que além dos notáveis os quais citei, ele aprendeu muito com o povo, com o humilde, com o povo brasileiro desconhecido por muitos em sua diversidade cultural e sua índole guerreira. Álisson Lopes

Nenhum comentário:

Postar um comentário